Ministro do Interior francês contra proibição do burkini

Bernard Cazeneuve dá uma entrevista em que argumenta que a lei anti-burkini será sempre "inconstitucional e ineficaz" e geradora de "tensões irreparáveis".

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Uma mulher de burkini numa praia de Marselha Reuters
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Bernard Cazeneuve, ministro francês do Interior PATRICK KOVARIK/AFP

Uma lei que proíba o uso do burkini será sempre uma lei “inconstitucional e ineficaz”, que se arriscaria a criar “tensões irreparáveis”, advertiu o ministro francês com a pasta do Interior, Bernard Cazeneuve.

Numa entrevista publicada este domingo no jornal La Croix, Bernard Cazeneuve vem desafiar o coro de vozes com que as personalidades à direita se têm pronunciado pela interdição de uso deste modelo de fato de banho, e cujo uso foi proibido em cerca de três dezenas de localidades balneares do sul de França. O ministro diz que o Governo socialista se recusa a contribuir para uma lei que será inconstitucional, ineficaz e indutora de antagonismos e tensões irreparáveis”, alegou Cazeneuve. 

Mas o assunto não é pacífico nem no interior do Governo. O primeiro ministro, Manuel Valls, chegou a demonstrar o seu apoio a ordens de proibição do burkini, dizendo que a França estava presa numa "batalha de culturas" e que aquela indumentária simbolizava a escravidão da mulher. Mas isso foi antes de o Conselho de Estado, a mais alta instância administrativa do país, ter deliberado na passada sexta-feira que o uso de burkini não podia ser o factor de perturbação “da ordem pública” que havia sido invocado pelos autarcas como o de Villeneuve-Loubet, uma das localidades onde este tipo de vestuário chegou a ser proibido.

Numa altura em que o clima político já se assume em registo de primárias, e que personalidades como o ex-Presidente Nicolas Sarkozy assume a vontade de estar na corrida, o tema não sai de cima da mesa. Sarzoky defende a interdição do burkini, em nome da preservação “do modo de vida francês”.

À frente das sondagens para as eleições presidenciais, agendadas para Abril de 2017, está o ex-primeiro-ministro Alai Juppé, que também se tem manifestado contra a interdição: “Quando é que vamos parar com este frenesim que tomou conta da sociedade francesa? Um dia destes vamos proibir que usem saias compridas na escola”, ironizou, citado pela AFP.

O actual ministro do Interior também dispensa produção legislativa. “Não são precisas mais leis. As que existem sublinham o secularismo de França. O país precisa de serenar, e que as pessoas se aproximem e não que sejam criadas estas divisões por parte daqueles que se querem enfrentar em primárias”, argumentou o ministro do Interior. Com agências

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