Militar americano detido por apoio ao Daesh

Sargento, vigiado há um ano por agentes infiltrados do FBI, jurou lealdade ao líder dos jihadistas e comprou drone que acreditava que seria enviado para o grupo radical.

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Ikaika Erik Kang cumpriu missões no Iraque e Afeganistão Carlos Barria/Reuters (arquivo)

Um soldado norte-americano que cumpriu missões no Iraque e Afeganistão foi detido no Havai, onde estava actualmente estacionado, e acusado de apoio do Daesh, incluindo a compra de um drone para ser usado pelos jihadistas em combate.

Ikaika Erik Kang, de 34 anos, alistou-se pouco depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001 e era actualmente sargento especialista em controlo de tráfego aéreo, adianta o FBI na nota de acusação, revelando que no ano passado o Exército começou a ter suspeitas de que o militar se radicalizara – já depois de ter sido ilibado numa primeira investigação, em 2012.

A polícia federal montou uma operação que durou um ano e envolveu vários agentes que assumiram identidades falsas, apresentando-se como agentes e simpatizantes do Daesh, os quais que foram recolhendo indícios da radicalização do militar, que viria a jurar fidelidade a Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do grupo jihadista que em 2014 proclamou um “califado” entre a Síria e o Iraque. Segundo a acusação, o militar terá também copiado documentos militares classificados como secretos, entregando-os aos agentes infiltrados, e apoiado o ataque do ano passado contra uma discoteca gay em Orlando, na Florida, que foi reivindicado por um extremista que se reclamava também membro do Daesh.  

A investigação culminou sábado passado com a detenção de Kang, depois de este se ter encontrado com um agente do FBI que ele acreditava ser membro da organização, filmando vídeos com instruções de combates para os jihadistas. No mesmo dia ajudou-o a comprar um drone que acreditava que seria depois enviado para o Médio Oriente. Segundo a nota de acusação, o militar terá explicado que o aparelho permitiria aos combatentes do Daesh detectarem antecipadamente a presença dos tanques militares fornecidos pelos EUA ao Exército iraquiano.

O FBI acredita que o sargento agiu sempre sozinho e não mantinha ligações “com ninguém suspeito de representar ameaça para o Havai”. Presente segunda-feira a tribunal recusou pronunciar-se sob as acusações, tendo ficado em prisão preventiva por suspeitas de terrorismo.

O advogado nomeado para o caso afirmou que Kang é um “veterano condecorado” que tem no currículo duas missões de combate no Iraque (2010-11) e no Afeganistão (2013-14). Diz ainda ter indícios de que o militar sofre de problemas mentais relacionados com as experiências de combate, dos quais o Exército estava a par mas nada fez para tratar. 

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