Milionário russo quer construir um Império em três ilhas do Pacífico

Anton Bakov e a mulher, Maria, querem dar uma segunda vida ao Império Romanov em três ilhas arrendadas ao Kiribati.

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As ilhas do arquipélago ainda não tinham depsertado a curiosidade dos investidores Reuters/DAVID GRAY

Anton Bakov e a sua mulher, Maria, querem alugar três ilhas do arquipélago do Kiribati, para construir um segundo Império Russo. O Governo do Kiribati prometeu dar o seu parecer sobre o projecto até ao final de Fevereiro.

As três ilhas que estão debaixo da mira de Bakov – Ilhas de Malden, Starbuck e Millenium – fazem parte do Estado soberano do Kiribati, no Pacífico Sul, entre a Micronésia e a Polinésia, mas não estão habitadas e não possuem infraestruturas. O governo do Kiribati já tinha tentado cativar os investidores estrangeiros para que apostassem nessas ilhas, sem sucesso.

O milionário russo quer usar as Ilhas para reconstruir o Império Romanov, que faça jus ao que foi eliminado na Revolução Bolchevique de 1917. Anton Bakov, antigo membro do Parlamento russo e fundador do Partido Monárquico do país, começou o projecto do Novo Império Russo em 2011. O milionário também explorou a hipótese de ocupar territórios em Montenegro e nas Ilhas Cook, com o mesmo fim e em moldes semelhantes, mas não teve uma resposta positiva.

O projecto de Anton Bakov irá apostar principalmente na construção de infraestruturas, pensando sempre no turismo e no desenvolvimento económico de uma região subdesenvolvida. “Estamos a planear a construção de aeroportos e portos de mar, estações de energia solar, plantações de plantas de água doce, hospitais, escolas e a fixação de trabalhadores”, disse Bakov ao Guardian, por e-mail. “O objectivo principal da economia que vamos desenvolver nestas ilhas são as infraestruturas amigas do ambiente e as fábricas de processamento de peixe. Também pensámos em desenvolver a agricultura tropical e uma Universidade do Império Russo”.

Ainda que Bakov tivesse pensado nas Ilhas como um prolongamento histórico do Império Russo, não prevê que muitos russos se mudem, devido à distância e ao clima. “Achamos que a quantidade de russos a viver permanentemente nas Ilhas vai rondar os 2%. No entanto, os investimentos de origem russa serão bastante consideráveis”, disse Bakov.

O presidente do Kiribati, Taneti Mamau, teve uma reunião com o milionário no inicio do ano e decidiu que um conjunto de oficiais do governo deviam inspeccionar as três ilhas. O processo irá determinar a decisão final sobre o arrendamento, que será conhecida até ao final de Fevereiro. De acordo com o Governo do Kiribati, esta foi a maior oferta feita até agora.

Os planos de Bakov terão uma duração de 10 ou 15 anos e incluem um investimento de 230 milhões de dólares (215 milhões de euros, aproximadamente), correspondentes a uma primeira fase de construção de infraestruturas na Ilha de Malden, assim como o pagamento de impostos aduaneiros ao Governo do Kiribati. Em paralelo, o milionário vai injectar 120 milhões de dólares (115 milhões de euros) no Governo do Kiribati. A mão-de-obra vai contar com 1000 trabalhadores autóctones (de vários pontos do arquipélago) e com alguns provenientes da Ilha do Natal, a 670 quilómetros de distância.

Um dos membros do Parlamento do Kiribati, Emil Schutz, que tem estado a trabalhar com os Bakov neste projecto, disse ao Guardian que o país tem estado a tentar estimular o investimento estrangeiro há décadas – no entanto, as alterações climáticas e a subida do nível das águas do mar têm impedido a aposta nas ilhas. Schutz desvaloriza as pretensões imperialistas de Bakov, dizendo que não constituem a principal motivação do russo, que contactou, pela primeira vez, o Governo do Kiribati em 2015, através do sue filho, Mikahil.  

“Estas ilhas estão muito afastadas das ilhas principais e se o Governo do Kiribati quisesse fazer qualquer coisa para as desenvolver teria de desembolsar milhões de dólares. Não constituem uma prioridade neste momento”, afirmou Schutz ao Guardian. “O país está à procura de investidores desde a sua independência e ninguém tem estado interessado. É positivo que alguém tenha interesse em fazer alguma coisa nestas ilhas, que não estão a ser usadas pelo Governo, nem têm pessoas a viver nelas” A proposta da Bakov está a ser analisada pela Comissão de Investimento Estrangeiro.

Shutz confirma que estas ilhas são áridas e dispõem de poucos recursos naturais – o seu único ponto de interesse internacional foram as minas de fosfato, que uma empresa mineira australiana explorou há algumas décadas. 

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