Merkel inicia campanha para mostrar que não toma a vitória como garantida

Instituto diz que sociais-democratas não têm hipótese de passar os 30% de votos em Setembro.

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O partido de Merkel conta com 40% das intenções de voto; o de Schulz, 24% CLEMENS BILAN/EPA

Acabada de regressar de três semanas de férias, a chanceler alemã, Angela Merkel, dá este sábado o tiro de partida oficial para a campanha numa acção em Dortmund, no coração do vale do Ruhr, território tradicionalmente social-democrata.

Merkel prepara-se para um périplo com 50 paragens por todo o país e acções como uma entrevista feita por quatro bloggers e youtubers na quarta-feira – com o objectivo de mostrar que não toma a vitória como garantida.

A chanceler viu a sua popularidade descer dez pontos percentuais na última sondagem desta semana, mas é ainda assim muito mais popular do que o seu principal opositor, Martin Schulz, que também desceu (quatro pontos percentuais). Merkel tem uma taxa de aprovação de 59% e Schulz apenas 33%.

Piores notícias para Schulz, cuja entrada-surpresa em campanha levou a uma grande subida do SPD nas sondagens, são as conclusões de um estudo do instituto Forsa, que conclui ser praticamente impossível que o partido consiga um resultado acima dos 30% a 24 de Setembro.

Segundo o estudo, feito em exclusivo para o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, o número de indecisos é de apenas 15%, o que deixa poucas hipóteses ao partido para subir tão acima dos actuais 23% que passe a barreira dos 30%.

Já a CDU/CSU de Merkel está com uns confortáveis 40%, no entanto os liberais democratas, que seriam o parceiro de coligação natural dos conservadores, estão com apenas 7%. Liderados por Christian Lindner, os liberais democratas tentam recuperar do catastrófico resultado das últimas eleições, em que pela primeira vez no pós-1949 não conseguiram eleger qualquer deputado.

No entanto, as hipóteses de coligação de Schulz ainda pareciam menores, com os Verdes a terem 8% das intenções de voto nos últimos inquéritos. Também com 8% aparecem Die Linke (esquerda anti-capitalista) e a Alternativa para a Alemanha (AfD, xenófobo e anti-imigração, com quem nenhum outro partido admite qualquer entendimento).

Não se esperam grandes emoções, e para a chanceler, quanto mais aborrecida for a campanha, melhor. É a estratégia, como dizem analistas (e críticos), da desmobilização assimétrica: Merkel vai-se deslocando para o centro, adoptando medidas dos sociais-democratas (foi o caso do casamento gay, que entretanto foi aprovado), esvaziando os programas dos sociais-democratas. Isso deixa alguns conservadores sem grande vontade de ir votar, mas desmobiliza sobretudo os eleitores do campo oposto (que, apesar de fazer campanha como oposição, está numa grande coligação de Governo com Merkel, o que torna a sua missão ainda mais difícil).

O jornal de grande circulação Bild fez recentemente uma primeira página a resumir os potenciais problemas de Merkel: “terror, diesel e refugiados”.

No entanto Merkel, que já está há 12 anos à frente do Governo da Alemanha, continua a ser vista como uma figura segura e serena - algo com especial valor em tempos conturbados. 

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