Marrocos pede ajuda à ONU para conter tensões com a Frente Polisário

Mohammed VI afirma que a situação “coloca a estabilidade da região em risco”. Os independentistas sarauís acusam Rabat de quebrar os termos do cessar-fogo de 1991.

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O monarca chamando a atenção de António Guterres para a “incursão reiterada de elementos armados da Frente Polisário e os seus actos de provocação” em Guerguerat, perto da fronteira com a Mauritânia Thierry Gouegnon / Reuters

O rei de Marrocos, Mohammed VI, apelou às Nações Unidas para que tome “medidas urgentes” para pôr fim a meses de "provocações" do movimento independentista Frente Polisário, no Sara Ocidental, indicou em comunicado oficial.

O monarca falou ao telefone com António Guterres, secretário-geral da ONU, chamando a atenção para a “incursão reiterada de elementos armados da Frente Polisário e os seus actos de provocação” em Guerguerat, na região reivindicada por aquele grupo, perto da Mauritânia, de acordo com um comunicado do gabinete real marroquino divulgado esta sexta-feira pela agência estatal MAP.

A Frente Polisário proclamou a República Árabe Sarauí Democrática (RASD) em Fevereiro de 1976, depois de Madrid ter cedido a administração da antiga colónia espanhola a Marrocos e à Mauritânia (que desistiu da sua parte em 1979). Os guerrilheiros independentistas lutaram contra Marrocos até 1991, quando se chegou a um acordo de cessar-fogo mediado pela ONU, que tem no local uma força de manutenção de paz com cerca de 250 capacetes azuis.

Os independentistas sarauís acusam Rabat de quebrar os termos do acordo quando, no ano passado, tentaram construir uma estrada na zona vigiada pela ONU. Actualmente, relata a Reuters, as forças marroquinas e os guerrilheiros sarauís encontram-se a menos de um quilómetro de distância. Durante a conversa com Guterres, o rei Mohammed VI afirmou que a situação “ameaça seriamente o cessar-fogo e coloca a estabilidade da região em risco”. 

Para a Frente Polisário, no entanto, Marrocos é responsável pelo que descrevem como “uma situação crítica e perigosa”. “A construção desta estrada em Guerguerat envolve a anexação de território que está além da área demarcada”, afirmou à Reuters o representante da Frente Polisário junto à ONU, M'hamed Khadad. "É Marrocos que deve assumir a responsabilidade por esta crise”, sublinha.

Apoiada pela Argélia, a Frente Polisário reclama a realização de um referendo de autodeterminação previsto pelo acordo de cessar-fogo de 1991, um plebiscito que nunca chegou a realizar-se.

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