Arkansas executa quarto condenado numa semana

O ritmo acelerado das execuções é justificado pelo facto de o prazo de validade de um fármacos usados no cocktail medicamentoso acabar no fim deste mês.

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Kenneth Williams EPA

O estado norte-americano do Arkansas aplicou na quinta-feira à noite (madrugada de sexta-feira em Portugal) a quarta injecção letal a um prisioneiro em apenas uma semana, depois de 12 anos sem qualquer execução.

Kenneth Williams, de 38 anos, foi condenado à morte por ter assassinado duas pessoas depois de ter escapado de uma prisão de alta segurança, onde estava devido ao homicídio de uma rapariga que era membro de uma claque escolar. O advogado do condenado alegou insanidade mental, mas o Supremo Tribunal rejeitou o seu último recurso.

Na quinta-feira tinha sido a vez de Ledell Lee. E, na segunda-feira passada, Jack Jones e Marcel Williams foram executados um a seguir ao outro, naquela que foi a primeira dupla execução dos últimos 17 anos. 

O governador do Arkansas, Asa Hutchinson, tinha-se proposto executar oito dos seus 34 prisioneiros no corredor da morte  em apenas 11 dias, com o argumento de que o prazo de validade de um dos produtos do cocktail de medicamentos usados na injecção letal acaba no fim de Abril e as empresas farmacêuticas têm resistido em fornecer os fármacos destinados a executar pessoas.  

O anúncio indignou as organizações de defesa dos direitos humanos, para as quais o governador está a promover um festival de execuções à maneira do Velho Oeste, sem qualquer justificação criminal. E os próprios guardas viram 23 antigos colegas a condenar publicamente tal decisão, por considerarem que tantas execuções seguidas aumentam a pressão e o stress dos guardas prisionais, colocando em causa o seu bem-estar.

Williams fora condenado a pena de prisão perpétua pelo homicídio em 1998 de uma rapariga de 19 anos, Dominique Hurd, que pertencia a uma claque escolar. Depois de um mês detido, conseguiu fugir, escondido num barril usado para transportar lixo de cozinha. Não muito longe da prisão, encontrou Cecil Boren, um agricultor de 57 anos e alvejou-o múltiplas vezes antes de fugir com a sua carrinha. No Missouri voltou a matar, desta vez um rapaz de 24 anos, Michael Greenwood, que fazia entregas de mercadorias. Desde que foi novamente detido, Williams converteu-se e escreveu a sua autobiografia, bem como um livro a alertar para os perigos da vida num gangue. 

Nos Estados Unidos, há 31 estados que aplicam a pena de morte.

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