Madrid desmantela mausoléu que glorificava participação nazi no massacre de Guernica

Sete pilotos alemães que participaram no massacre de 1937 na cidade basca estão enterrados num cemitério madrileno. O respectivo epitáfio atribuía-lhes um papel na "luta por uma Espanha livre".

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Nelson Garrido

Oitenta anos depois de os bombardeamentos nazis terem devastado a cidade basca de Guernica, no massacre que inspirou a famosa pintura de Pablo Picasso, a Câmara de Madrid removeu o derradeiro vestígio da mais notória atrocidade da guerra civil espanhola ao decidir desmantelar um mausoléu no cemitério de Almudena onde estão sepultados sete pilotos da Legião Condor.

Este foi o nome dado à força de intervenção maioritariamente aérea que a Alemanha nacional-socialista enviou para auxiliar o general Franco na guerra civil que o opôs aos republicanos, entre 1936-39. A colaboração alemã com Franco também permitiu aos nazis praticarem as suas práticas de blitzkrieg – ou guerra-relâmpago, uma táctica militar – na II Guerra Mundial.

O ataque aéreo de 1937 na cidade basca durou quatro horas e matou centenas de pessoas, ferindo outras tantas. O túmulo foi desmantelado a pedido da embaixada alemã em Madrid, que apelou à remoção da fachada antes do 80º aniversário do massacre e à sua substituição por sete pequenas placas alusivas a cada um dos soldados enterrados no local.

No monumento estava inscrito, em alemão, o epitáfio: “Aqui descansam os pilotos alemães que morreram por uma Espanha livre”. A inscrição já havia sido retirada, após um pedido anterior da embaixada, mas voltou a ser colocada por desconhecidos. Daí que o município tenha acedido ao pedido de desmantelamento total do mausoléu, que contribuía para reavivar a memória dos estragos causados pelas 31 toneladas de bombas que, no dia 26 de Abril de 1937, foram lançadas sobre Guernica.  

O pintor Pablo Picasso começou a trabalhar na sua obra-prima, que pode ser vista no Museu Rainha Sofia, em Madrid, dias depois do ataque.

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