Frente anti-Le Pen: Macron recebe apoios à esquerda e à direita

Fillon, Hamon, Juppé e Cazeneuve já apelaram ao voto no candidato centrista na segunda volta.

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Várias figuras do PS e dos Republicanos já declaram apoio a Macron numa frente unida contra Le Pen EPA/THIBAULT VANDERMERSCH

Assim que foram conhecidas as primeiras projecções, começou imediatamente a desenhar-se uma frente de combate a Marine Le Pen para a segunda volta das eleições presidenciais francesas. O socialista Benoît Hamon, um dos grandes derrotados da noite, foi um dos primeiros a apelar ao voto em Emmanuel Macron no dia 7 de Maio. 

Hamon pediu uma votação expressiva para derrotar a Frente Nacional, embora afirmando que Macron “não pertence à esquerda e não tem vocação para a representar no futuro”.

O actual primeiro-ministro, o socialista Bernard Cazeneuve, também defendeu o voto em Macron. “Apelo solenemente ao voto em Emmanuel Macron na segunda volta para derrotar a Frente Nacional, para travar o projecto funesto [de Marine Le Pen] de regressão da França e divisão dos franceses”, disse, citado pelo Le Monde. Outras figuras socialistas, como Jean-Marc Ayrault, ministro dos Negócios Estrangeiros, seguiram o mesmo caminho de apelo a uma frente unida contra Le Pen. Manuel Valls, que já nesta primeira volta apoiou Macron, repetiu naturalmente o apelo ao voto no candidato do movimento "En Marche!", destacando no Twitter a "gravidade do momento" e a necessidade "de uma grande derrota da extrema-direita a 7 de Maio".

Fillon: "Não há outra opção que não seja votar contra a extrema-direita"

Também o conservador François Fillon, outro dos candidatos derrotados, declarou apoio ao candidato centrista. “Devemos escolher o que é preferível para o nosso país. A abstenção não está nos meus genes, sobretudo quando um partido extremista se aproxima do poder. A Frente Nacional é conhecida pela sua violência e a sua intolerância. O seu programa levará o nosso país ao fracasso e ao caos europeu”, argumentou Fillon, dizendo que votará Macron. “Não há outra opção que não seja votar contra a extrema-direita.”

Alan Juppé, um dos candidatos derrotados nas primárias da direita, também já declarou o seu apoio a Macron, afirmando que a França precisa “de reformas corajosas para reconstruir um Estado forte, regressar ao pleno emprego e pôr a educação e a formação no centro das políticas públicas”: “Espero que Emmanuel Macron reponha o crédito da França na cena europeia e mundial e dê à juventude francesa uma esperança de um mundo novo”, disse o presidente da câmara de Bordéus. Da direita chegou ainda o apoio do ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin, actual senador dos Republicanos, salientando que a prioridade agora é “impedir a Frente Nacional de dirigir este país”. 

Comunistas votam Macron

Mais à esquerda, Macron também tem o aval do Partido comunista francês. “Temos de derrotar Marine Le Pen e só há um boletim para o fazer na segunda volta, mas isto não é uma adesão ao programa de Emmanuel Macron”, disse à France 2 Pierre Laurent, secretário-nacional do PCF. O maior sindicato francês, a CFDF, também apelou ao voto contra Le Pen.

Já Jean-Luc Mélenchon, que recolheu cerca de 20% dos votos na primeira volta, não deu, para já, qualquer indicação de voto para a segunda volta.

Por outro lado, Nicolas Dupont-Aignan, candidato do “Debout la France”, sétimo candidato mais votado na primeira volta, disse que só no “início da semana” anunciará a sua escolha para a segunda volta.

O candidato do partido anticapitalista, por sua vez, não apelou ao voto em Macron, manifestando-se contra a extrema-direita mas também contra “aqueles, como Macron, que querem impor medidas anti-sociais”. Já Nathalie Arthaud, candidato do partido de extrema-esquerda Luta, afirmou que votará em branco na segunda volta.

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