Macron garante que “não cederá” nos compromissos assumidos

Depois da investidura, começa a política dura. Mas o jovem Presidente diz que não cederá no seu projecto. Esta segunda-feira, decide o nome do primeiro-ministro e reúne com Merkel. O futuro será uma corrida de obstáculos

O Presidente de França, Emmanuel Macron, beija a mulher Brigitte depois de tomar posse no Palácio do Eliseu
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O Presidente de França, Emmanuel Macron, beija a mulher Brigitte depois de tomar posse no Palácio do Eliseu Reuters/PHILIPPE WOJAZER
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LUSA/JULIEN DE ROSA

Emmanuel Macron, 39 anos, é desde este domingo o oitavo Presidente da V República. Designará na segunda-feira o seu primeiro-ministro que, na terça-feira, anunciará a composição do governo. Amanhã encontrar-se-á em Berlim com Angela Merkel e no dia seguinte visitará tropas francesas no Mali. Começou o mandato do mais jovem Presidente, que promete renovar o país de alto a baixo.

Num breve discurso, centrado na reforma da França e da Europa, garantiu: “Não cederei em nada sobre os compromissos assumidos perante os franceses. O trabalho será libertado, as empresas serão apoiadas, a criação e a inovação estão no coração da minha acção.” E sublinhou a necessidade de refundar a Europa. “Temos necessidade de uma Europa mais eficaz, mais democrática, mais política, pois é o instrumento do nosso poderio e da nossa soberania.”

Sob a escolta de um destacamento da Guarda Republicana, Macron percorreu lentamente a passadeira vermelha que o levou à entrada do Eliseu, “como se quisesse dar peso a esta ascensão ao poder”, escreveu o Libération. “Não será um Presidente normal.” Após uma conversa de quase uma hora no gabinete de François Hollande, foi investido na presidência por Laurent Fabius, presidente do Conselho Constitucional. Ao contrário do habitual, Fabius, manifestamente comovido, quis acentuar o significado da eleição de Macron. Citou Chateaubriand: “Para ser o homem do seu país, é preciso ser o homem do seu tempo.”

Depois da cerimónia, Macron fez o roteiro tradicional. Foi aos Campos Elíseos reavivar a chama do Soldado Desconhecido e passar revista às tropas. Visitou militares feridos no Mali e no Afeganistão. Foi depois recebido no Hôtel de Ville, sede do município de Paris.

Foram anunciadas as primeiras nomeações. Alexis Kohler, seu “conselheiro especial”, será o secretário-geral do Eliseu; o prefeito Patrick Atrzoda será o chefe de gabinete; Philippe Etienne será o conselheiro diplomático — é, “por acaso”, o embaixador da França em Berlim.

O primeiro-ministro

Há muitas especulações sobre o nome do próximo chefe do Governo. É ocioso discuti-las. Será a primeira grande escolha estratégica. Não há um nome “ideal”, sublinhou há dias a politóloga Chloé Morin. “Esta escolha é tão mais estratégica quanto a história mostra que um mandato mal começado dificilmente se consegue endireitar.”

O Presidente não procura uma “alma gémea” mas um nome que o complemente e alargue o seu espaço. Será normal que uma parte do seu eleitorado considere que o nome escolhido seja “muito à direita” ou “muito à esquerda”.

O novo primeiro-ministro terá uma dupla e pesada tarefa: dar corpo ao ambicioso programa de Macron e ser também capaz de conduzir um movimento ainda desorganizado nas legislativas de 11 e 18 de Junho. Só uma maioria parlamentar dará ao Presidente e ao Governo a margem de manobra necessária para poder reformar.

Mas a escolha tem uma outra dimensão: a recomposição partidária do sistema político francês. Depois da fase de “demolição” que a campanha acelerou, entra-se numa fase de “recomposição” através das legislativas. Ao reunir apoios à esquerda, centro e direita, Macron apostou criar uma “área central”, reunindo socialistas, centristas e figuras da direita moderada, nomeadamente as mais próximas da corrente de Alain Juppé. Seria uma aliança desde os sociais-democratas aos conservadores moderados e liberais sociais.

Hoje foi o primeiro dia da surpreendente e extraordinária aventura de Emmanuel Macron. As expectativas são naturalmente muito altas. Domingo foi o dia das cerimónias. A política dura começa esta segunda-feira, em Paris e Berlim, com o primeiro-ministro e com Angela Merkel. Os próximos meses serão uma incansável corrida de obstáculos.

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