Macron é candidato a Presidente e baralha a corrida eleitoral em França

Antigo ministro da Economia de Manuel Valls fez anúncio oficial, prometendo renovação face a um "sistema político bloqueado".

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AFP/PATRICK KOVARIK

Emmanuel Macron, antigo ministro da Economia do Governo socialista de Manuel Valls, anunciou oficialmente a sua candidatura à presidência francesa, fora dos partidos tradicionais. Pode baralhar a corrida tanto à esquerda como à direita.

“Apresento a minha candidatura sob o signo da esperança”, disse o ex-ministro, que apesar de ter feito parte de um governo PS não é miliante socialista. O ex-banqueiro de investimento da Rotschild apresenta-se como um promotor da renovação social, face a um "sistema político bloqueado". 

Macron, de 38 anos, entrou na vida política como conselheiro do Presidente François Hollande, que bate recordes de impopularidade, e dificilmente terá hipóteses de tentar uma recandidatura às presidenciais da próxima Primavera. Macron demitiu-se do Ministério da Economia no início deste ano, em rota de colisão com Valls, e iniciou o seu próprio movimento político denominado En Marche (Em Marcha), sempre com a possibilidade da candidatura à presidência em vista.

Destacou-se no Governo pelas suas posições liberais, que defendia como essenciais para “desbloquear” a economia e o mercado de trabalho em França. O polémico pacote legislativo baptizado o seu nome incidia sobre áreas tão vastas como a extensão do trabalho ao domingo e a liberalização do transporte em autocarros de passageiros, fez correr rios de tinta e acabou por ser aprovado sem discussão no Parlamento, através do recurso ao parágrafo 3 do artigo 49.º da Constituição; foi a primeira vez que o Governo Valls usou esse artifício.

No discurso de 20 minutos em que avançou, prometeu atacar os bloqueios que diz estarem a paralizar França. "O sistema deixou de proteger os que devia proteger. Vive por si próprio, preocupado mais com a sua sobrevivência do que com os interesses do país", afirmou.

Pretende ser o rosto da "esperança", sobretudo para a juventude - que, apesar de ele ser um político jovem, não tem dado sinais de confiar em Macron. As sondagens têm mostrado, de forma consistente, que o ex-ministro da Economia é mais popular entre os maiores de 65 anos.

Mas Macron não é entre os eleitores de esquerda que Macron é mais popular. São os que votam no centro-direita que mais se revêm no jovem político: Jean-Daniel Lévy, da empresa de sondagens Harris Interactive, sublinha que 50% dos simpatizantes do partido Os Republicanos têm boa ideia dele, contra 44% dos do Partido Socialista.

Na verdade, Macron é a segunda pessoa, entre os muitos candidatos em luta por um lugar ao sol nas presidenciais de 2017, em quem os conjunto dos franceses sente que mais pode confiar, a seguir a Alain Juppé, de Os Republicanos, um dos candidatos que disputa as primárias do centro-direita, cuja primera volta é já domingo. Segundo os dados da empresa Harris Interactive, 56% dos franceses dizem confiar em Juppé, 38% em Macron. O primeiro-ministro Manuel Valls vem logo a seguir, com 37%.

A entrada de Emmanuel Macron na corrida às presidenciais tem o potencial de fragmentar ainda mais a esquerda francesa, mas pode também desbastar a base de apoio de Juppé, até agora o favorito nas sondagens para ganhar a nomeação como candidato do centro-direita, já que as primárias que têm a primeira volta neste fim-de-semana são abertas a todos os campos políticos - "até aos desencantados do holandismo", como disse o próprio Alain Juppé.

Constatada a fraqueza de Hollande como candidato, a possibilidade de Manuel Valls se apresentar à corrida às presidenciais é uma hipótese cada vez mais falada e desejada - há sondagens que o mostram como o vencedor das primárias da esquerda se se apresentar, mesmo com a multiplicidade de candidaturas que já se declararam. 

Mas os próximos de Holande gostariam de ver Macron concorrer nas primárias da esquerda, em Janeiro, diz o jornal Le Monde. Se ele recusar, servirá como bode expiatório da derrota da esquerda nas presidenciais, logo à primeira volta, em Abril de 2017, com Marine Le Pen a ter intenções de voto bem acima dos 20%. "É dessa forma que ele quer que a História se lembre dele?", interrogava, sibilino, um ministro socialista, em declarações ao diário de Paris.

 

 

 

 

 

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