Liberais australianos reconduzidos ao poder sob grandes incertezas

O primeiro-ministro australiano dissolveu o Parlamento para conseguir um mandato mais forte. Aconteceu exactamente o contrário.

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Turnbull tem inimigos no seu próprio partido, atentos à sua fragilidade. Peter Parks/AFP

A coligação liberal australiana está em vias de conseguir formar Governo e reconduzir ao poder o primeiro-ministro Malcom Turnbull, que dissolveu o Parlamento na esperança de reconquistar um mandato mais forte e que lhe permitisse avançar com o seu plano económico, mas que em vez disso deu por si com menos deputados e dependente de alianças com pequenos partidos e independentes.

Turbull perdeu a aposta das legislativas do dia 2 de Julho e ficou à espera das votações de correio, que este domingo apontavam para que o seu partido ficasse dois deputados aquém da maioria de 76 lugares na Câmara dos Representantes. Apesar disso, o primeiro-ministro australiano tem o apoio de três políticos independentes e de pequenos partidos para formar Governo, embora isso não lhe garanta por enquanto um acordo de maioria parlamentar.

“Tivemos uma eleição bem-sucedida”, disse Turnbull este domingo, já depois de o líder trabalhista conceder derrota. “Conseguimos o maior número de lugares parlamentares”, adiantou o líder dos liberais, que é contestado pela ala mais à direita no seu partido e sobre quem pairam dúvidas quanto à possibilidade de perder a ténue vantagem parlamentar durante o próximo ano. “Foi duro”, admitiu Turbull.

As incertezas na Austrália mantêm-se. De acordo com a BBC, o Senado deve apontar várias figuras independentes e de pequenos partidos, dificultando a vida à agenda económica do primeiro-ministro, que esbarrou nesta câmara na última legislatura. Na quinta-feira, sublinhando o futuro incerto, a agência Standard & Poor’s baixou a perspectiva sobre o crédito australiano e alertou para a possibilidade de o país perder em breve a classificação AAA.

Para além disso, as tensões internas nos Liberais podem encurtar o futuro político de Turnbull, o quarto primeiro-ministro australiano em apenas três anos. A ala mais conservadora critica o seu plano económico e o líder desse grupo, o senador Cory Bernardi, afirmou que as eleições de foram “um desastre”. “O primeiro-ministro tem o apoio do seu partido por agora, mas os seus inimigos estão atentos”, escreve Shaun Davies, editor da BBC sobre a Austrália.

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