Lajcak, a importância de ser segundo

O ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco seria um candidato mais agradável para a Rússia que Guterres.

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Miroslav Lajcak defende “tolerância zero com a violência sexual e os abusos” dos capacetes azuis ATTILA KISBENEDEK/AFP

Miroslav Lajcak, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia, o país que detém até ao fim do ano a presidência da União Europeia, ficou em segundo lugar nesta terceira ronda de votações para secretário-geral da ONU. É o grande rival de António Guterres? O seu currículo, e manifesto de intenções, não o faz prever.

Diplomata de carreira, formado em Moscovo, várias vezes enviado da União Europeia nos Balcãs, membro dos sociais-democratas SMER-SD liderados pelo primeiro-ministro populista Robert Fico – já definido como “um Viktor Orbán de esquerda” –, Lajcak vem de um país europeu de cinco milhões de pessoas que se tem oposto à entrada de refugiados do Médio Oriente. Só querem receber cristãos, alegam.

Na Eslováquia, os refugiados são uma espécie de novos ciganos

Bruxelas esperava que Bratislava aceitasse receber 802 refugiados, mas o Governo eslovaco considera que o sistema usado para calcular quantas pessoas cada país da UE poderia receber “não faz sentido e é tecnicamente impossível.” Por isso, processou a UE. “Isto não é algo sem precedentes, é um instrumento normal da política europeia. Deixemos a decisão para o tribunal. Não vejo aqui problema nenhum”, disse Lajcak recentemente à rádio alemã Deutsche Welle.

O facto de ser do bloco da Europa de Leste poderá tê-lo feito subir na votação – teve nove votos a favor, cinco contra e um sem opinião. O facto de considerar necessário reavaliar a continuação das sanções económicas da UE contra a Rússia por causa da Ucrânia tê-lo-ão ajudado a ganhar a simpatia de Moscovo. “Temos de redefinir relações e pô-las a um nível realista”, afirmou, citado pela publicação EU Observer. A UE, afirmou, tem sido “demasiado ideológica.”

Quanto ao seu documento de visão para as Nações Unidas, centrou-o na prevenção de conflitos e ajuda humanitária, defesa dos direitos humanos e destacou a intenção de ter “tolerância zero com a violência sexual e os abusos” cometidos por capacetes azuis contra populações civis.

 

 

 

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