Kim Jong-un proclamado o "Grande sol do século XXI"

Partido dos Trabalhadores prepara congresso, o primeiro desde 1980, no qual o líder norte-coreano consolidará o seu poder.

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Participantes do VII congresso do Partido dos Trabalhadores à chegada a Pyongyang KCNA/AFP

A imprensa oficial da Coreia do Norte consagrou esta quarta-feira Kim Jong-un como o “Grande sol do século XXI”. O epíteto surge a dois dias de um congresso histórico que deverá consolidar oficialmente o lugar do jovem líder na chefia do regime mais fechado do mundo.

A preparação deste encontro excepcional do partido que detém o poder em Pyongyang – o último remonta a 1980 – mobilizou o país inteiro para uma campanha de 70 dias que terminou na segunda-feira. O congresso, que deverá iniciar-se na sexta, depois de quatro anos de purgas, reestruturações e execuções na liderança, servirá para consagrar formalmente Kim Jong-un como líder supremo incontestável da Coreia do Norte.

Para o Rodong Sinmun, o órgão oficial do partido, este não é nada menos que um acontecimento “sagrado” que vai permitir proclamar os feitos de Kim, quer digam respeito aos seus projectos de infra-estruturas, quer aos programas nuclear e balístico.

A Coreia do Norte está debaixo de sanções do Conselho de Segurança da ONU, devido às críticas da comunidade internacional pela violação dos direitos humanos. O país tem-se sentido ameaçado também pelos exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos. Mas há vitórias a celebrar, continua o jornal.

Referindo-se ao arsenal nuclear como uma “espada preciosa”, o Rodong Sinmun explica que as suas armas são “um tesouro honroso que trará muitas coisas nas décadas que estão para vir”.

Os observadores especulam que Pyongyang possa estar a preparar um quinto ensaio nuclear, que poderá ocorrer imediatamente antes, ou durante, o congresso, de forma a provar ao mundo o estatuto de potência nuclear da Coreia do Norte.

“O Norte está prestes a qualquer momento efectuar mais um teste”, afirmou esta quarta-feira o Ministério sul-coreano da Unificação.

Análise: A Coreia do Norte não é uma anedota

Pyongyang realizou a 6 de Janeiro o seu quarto ensaio nuclear, seguido em Fevereiro pelo lançamento de um foguetão e de testes de mísseis de curto e médio alcance. Mas o regime sofreu alguns revezes embaraçosos com a falha de três disparos de um novo míssil balístico que teoricamente consegue atingir a ilha americana de Guam, no Pacífico.

A Coreia do Norte convidou os media internacionais a cobrir o seu congresso, sem adiantar qual será o desfecho, nem precisar sequer o número de dias que deverá durar.

O último congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, em 1980, durou quatro dias. Kim Jong-un ainda não era nascido. O seu pai, Kim Jong-il, foi então designado como o sucessor do fundador do regime, Kim Il-sung.

Sites da Internet geridos por norte-coreanos e acessíveis ao Sul, relatam que a segurança foi fortalecida nas últimas semanas e que a entrada e saída da capital está estritamente controlada. “Quem quer que tenha problemas com as autoridades durante o período de preparação do congresso é considerado delinquente político e tratado como tal”, refere o Daily NK.

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