Jean-Marie Le Pen quer Marine mais "ao estilo de Donald Trump"

Marine Le Pen procurará suavizar o discurso para conseguir alargar a sua base de apoio na votação do dia 7 de Maio.

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Jean-Marie e Marine Le Pen parecem ter perdido a sintonia política que em tempos os uniu Reuters/CHARLES PLATIAU

Pode ser lido como uma espécie de admoestação parental: Jean-Marie Le Pen considera que a sua filha Marine, que vai defrontar Emmanuel Macron na segunda volta das presidenciais francesas, no dia 7 de Maio, devia ter sido mais agressiva na primeira volta, mais próxima do estilo adoptado por Donald Trump nas presidenciais americanas. 

Com 7,5 milhões de votos, Marine Le Pen elevou a Frente Nacional a níveis inéditos numas presidenciais, mas ficou atrás do pró-europeísta Emmanuel Macron, que granjeou 24,01% dos votos contra os 21,30% da nacionalista Marine. E a discordância do seu pai segue-se ao anúncio de que Marine planeia, para a segunda volta destas eleições, suavizar o tom e dar um passo atrás na agenda de extrema-direita do partido que o seu pai fundou.

Voltando a acentuar o conflito entre os dois quanto à direcção a dar à Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen considerou que a filha fez uma campanha “demasiado descontraída”. “Se eu estivesse no seu lugar”, acrescentou o Le Pen pai, à rádio francesa RTL, citada pela agência Reuters, “teria feito uma campanha muito mais ao estilo de Trump, mais aberta e muito mais agressiva para com aqueles, à direita e à esquerda, que são responsáveis pela decadência do nosso país”.

Pai e filha têm estado em desacordo desde que Marine decidiu tentar dissociar a Frente Nacional de posições xenófobas na véspera do arranque da campanha para estas presidenciais. O seu pai, hoje com 88 anos, chocou o mundo ao qualificar-se em 2002 para a segunda volta das presidenciais desse ano, contra Jacques Chirac, que saiu claramente vencedor.

Acusado de assumir posições xenófobas e anti-semitas, Jean-Marie foi expulso do partido em 2015, embora continue presente na sua qualidade de fundador. Um sinal da sua influência são os seus milhões de euros que uma associação a que preside emprestou à Frente Nacional para financiar esta campanha.

A decisão de Marine Le Pen se distanciar do discurso mais nacionalista parece motivada pela tentativa de alargar a sua base de apoio e de se livrar do legado “toxico” do seu pai, apesar de o seu programa eleitoral manter apelos fortes à contenção da imigração e dos direitos dos imigrantes em França, bem como à expulsão dos estrangeiros suspeitos de ligações a organizações islâmicas.

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