Cinco sugestões de leitura: das viagens com guias turísticos ao mundo liderado pela China

Cinco jornalistas do PÚBLICO deixam cinco sugestões que valem a pena ler na imprensa internacional: A guerra no Sudão do Sul, o tráfico infantil na Ásia, a visão de como seria o mundo liderado pela China, a apologia das viagens de turismo organizadas e os limites do poder do Presidente dos EUA.

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Uma criança deslocada no Sudão do Sul Reuters/JAMES AKENA
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Xi Jinping, Presidente da China Reuters/LEHTIKUVA
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Turistas no Egipto Reuters/AMR ABDALLAH DALSH
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Donald Trump, Presidente dos EUA Reuters/YURI GRIPAS

 

“Testemunhámos a angústia do Sudão do Sul”

The New York Times

 

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Liliana Borges, jornalista online

Numa altura em que os ataques terroristas atingem com cada vez mais frequência solos europeus, o cenário de guerra e violência que se arrasta há anos na mais nova nação do mundo é o tema da reportagem multimédia do New York Times. A metamorfose do curto período de felicidade – vivido após a conquista da independência do país, em Julho de 2011 – num conflito que dividiu o país e aprisionou os cidadãos no meio de fome, morte e medo é relatada através de histórias de sobrevivência. No meio da miséria, tornou-se impossível saber o número exacto de mortos. Numa prisão, onde a comida são plantas selvagens e a água é imprópria para consumo, há o testemunho de histórias de reencontros. Mas quem regressa não volta igual. O terror vivido por quem resiste deixa sequelas mais profundas do que as marcas primeiras camadas de pele. A luta, vivida sem esperança, é narrada por Jeffrey Gettleman e ilustrada por Tyler Hicks. Ler

Um grito contra o silêncio

South China Morning Post

 

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Pedro Crisóstomo, jornalista de economia

Lia, aos 17 anos, era uma “veterana em trabalho doméstico”. A sua história negra, negra sem aspas, é uma entre milhares no Sudoeste Asiático – crianças vítimas de tráfico infantil que todos os anos são aliciadas por agências de recrutamento e levadas para Hong Kong, Taiwan, Singapura ou Malásia para trabalharem com empregadas domésticas. O passaporte falso mente na idade; trabalham como adultos; sofrem em silêncio. Além da exploração laboral, temem vir a ser punidas quando se descobrir que chegaram com documentos falsos. O relato de sofrimento da criança indonésia Lia, hoje com 26 anos, tem a particularidade de nos fazer lembrar como muitos destes casos passam por Macau. O South China Morning Post traz-nos a história de Lia em Hong Kong e a de Siti em Singapura. Hoje, que ficamos a conhecer o número de vítimas do tráfico de seres humanos em Portugal, não nos esqueçamos de olhar à volta. Ler

E a China?

The Atlantic

 

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Teresa de Sousa, redactora principal

Se quer tentar perceber o papel crescente da China na cena internacional, vá ao site da excelente revista americana The Atlantic e leia uma longa entrevista ao colunista do Financial Times Gedeon Rachman sobre o assunto. O artigo chama-se “ Como poderia ser um mundo liderado pela China” e vem a propósito da visita do Presidente chinês ao seu homólogo americano. Também ajuda a olhar para o significativo investimento chinês em Portugal nos últimos anos. Ler

A apologia das viagens de autocarro

Daily Telegraph 

 

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Sandra Silva Costa, editora da Fugas

Nisto das viagens, como em quase tudo na vida, somos todos muito independentes. Queremos acordar quando tivermos vontade, definir de modo próprio o tempo que passamos em Machu Picchu, nem pensar andar atrás de guias que debitam informação relevante. Isso é para velhos, ou, pior, para aqueles que viajam sem viajar, que não absorvem a essência dos lugares por onde passam. O jornalista do Telegraph Anthony Peregrine sabe disso tudo, sabe que o que escreveu não é cool, mas faz aqui a apologia das viagens de autocarro que nos habituámos a desprezar. Num registo bem informado e bem humorado, Peregrine desmonta um por um vários dos argumentos que atiram as viagens organizadas para o saco “isto não é para mim”. Começa logo por nos lembrar que, recorrendo a este tipo de férias, não precisamos de conduzir, nem de procurar táxi, nem de nos preocuparmos com o trajecto das malas até ao hotel e escreve logo a seguir que os guias que nos acompanham, se forem dos realmente bons, ajudam-nos a encontrar coisas que, sozinhos, nunca encontraríamos – e, já agora, passam sempre à frente nas filas gigantes que se avolumam em monumentos, museus e catedrais por esse mundo fora. Aos que argumentam que, com hora marcada para tudo (três horas em Angkor Wat, como se fosse possível?!...), não sobra tempo para interagir com “os locais”, Anthony Peregrine lembra que “os locais são muitas vezes sobrevalorizados”, até porque em “alguns casos” só estão interessados em nós porque os fazemos ganhar dinheiro. E, claro, ainda tem coisas para dizer aos que alegam que estas viagens são para velhos que usam chinelos com meias brancas: os velhos, escreve Anthony, são pessoas muito mais interessantes que os jovens. “São mais civilizados e divertidos, mais tolerantes, mais eruditos e têm melhores maneiras” que a malta nova. Goste-se ou não deste tipo de viagens – e Peregrine esclarece que no Reino Unido esta opção está em franco crescimento e que as empresas estão a adaptar-se a novos públicos e a flexibilizar os horários, por exemplo –, vale a pena ler o Anthony Peregrine até ao fim. Nem que seja para, logo a seguir, ir comprar um voo low cost e reservar uma cama num hostel. Ler

As mudanças raramente acontecem quando o Presidente dos EUA quer

Huffington Post

 

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Leonete Botelho, Grande Repórter de Política

Na semana passada, o líder da Organização Mundial de Comércio veio ao Conselho de Estado do Presidente português deixar a mensagem de que a realpolitik ia acabar por se impor à administração de Donald Trump e que o mundo tal como o conhecemos ainda não está a acabar. Afinal, o Presidente dos EUA não é tão poderoso como se pensa – nem como o próprio parece pensar. É isso que explica de forma muito clara George Friedman, o reputado especialista em geopolítica internacional, neste artigo do Huffington Post.  Os pais-fundadores dos EUA nunca quiseram ter um Presidente muito poderoso e por isso escreveram uma Constituição que previne o despotismo e criaram um sistema de check and balances – a própria Constituição, os tribunais federais e o Congresso – para limitar o seu poder. Ele pode ter a ilusão de que comanda o destino dos Estados Unidos, mas além das instituições há toda uma miríade de personagens que podem, na prática, limitar e impedir a concretização das suas intenções. Os funcionários públicos que aplicam as decisões, os opinion makers que determinam a aceitação de políticas, os especialistas que manobram o sistema. Ou, como diz Friedman, os presidentes americanos têm um pouco mais de poder do que a rainha da Inglaterra, mas apenas se forem suficientemente inteligentes a manusear o sistema. Ler

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