Iushchenko diz que Ucrânia sofreu um genocídio

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Viktor Iushchenko Sergei Dolzhe/EPA (arquivo)

O Presidente da Ucrânia, Viktor Iushchenko, pediu ontem à comunidade internacional que considere a Grande Fome verificada na década de 1930 um genocídio provocado pelas autoridades soviéticas. E deu uma dimensão muito maior a um problema que até agora só era conhecido parcialmente.

"O mundo deve saber desta tragédia", disse o Presidente Iushchenko, na abertura de uma exposição dedicada aos perto de dez milhões de ucranianos que morreram de fome em 1932 e 1933, quando o ditador Estaline lhes retirou os seus produtos e mandou proceder à reforma agrária. E falou em tom dramático a cerca de 5000 compatriotas, num dos muitos actos que em todo o país estão a evocar a efeméride.

A Ucrânia decidiu que o dia 26 de Novembro deve ser dedicado às vítimas do "Holodomor", o assassínio pela fome, e a outras perseguições políticas.

E mandou acender 33.000 velas, o número de pessoas que teriam morrido diariamente no auge da crise. Foi precisamente perante todas essas velas que o Chefe de Estado elevou a dez milhões o número de vítimas da tragédia, quando até agora os historiadores falavam normalmente de cerca de 7,5 milhões.

A verdadeira amplitude da tragédia foi escondida pela União Soviética e só se tornou conhecida depois de a Ucrânia se ter tornado independente, em 1991, inclusive com o pormenor de que se praticou canibalismo.

Em 2003, as Nações Unidas disseram que a fome ucraniana de há sete décadas foi uma das maiores atrocidades do século XX, mas não lhe chegaram a chamar um genocídio. E as autoridades russas evitam falar no assunto.

Crê-se que teria morrido perto de um quarto da população, existindo relatos dramáticos de pessoas que só conseguiram sobreviver comendo os parentes, inclusive crianças.

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