Irão testou com sucesso míssil de médio alcance

A retórica já tinha escalado, agora Teerão faz uma demonstração de força perante o discurso hostil de Trump.

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O míssil Khoramshahr que terá sido testado foi mostrado numa parada militar na sexta-feira em Teerão Abedin Taherkenareh/EPA

O Irão testou “com sucesso” um novo míssil balístico com capacidade para transportar várias ogivas e que pode percorrer até dois mil quilómetros, anunciou a imprensa oficial. O teste teve lugar poucas horas depois de a Guarda da Revolução ter mostrado a arma numa parada militar em Teerão.

Os analistas não hesitam em classificar este ensaio como uma resposta ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na terça-feira, nas Nações Unidas, se insurgiu contra o Irão, que incluiu no “pequeno grupo de regimes trapaceiros” cujos governos se regem pela “morte e destruição” — concluiu que o acordo assinado para pôr fim ao programa nuclear do Irão é um “embaraço” para os EUA. 

Rouhani respondeu referindo-se ao “trapaceiro novato na política internacional” e referiu-se ao discurso de Trump como “ignorante, absurdo e de uma retórica odiosa”.

O acordo não inclui o programa de mísseis iraniano. Os EUA anunciaram novas sanções contra o Irão em Junho devido ao programa de mísseis balísticos de Teerão e ao que diz ser o apoio do Governo iraniano a operações terroristas. E, em Agosto, Trump assinou uma lei impondo multas obrigatórias a todos os que estiverem envolvidos nesse programa ou a quem fizer negócios com os envolvidos nele. 

O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, falou na parada militar em Teerão para sublinhar que o país não irá travar o seu programa de mísseis e que continuará a desenvolver as suas capacidades militares, apesar das exigências e avisos da Administração Trump.

“Vamos reforçar as nossas defesas e as nossas capacidades militares... quer queiram quer não”, disse Rouhani. O Presidente moderado do Irão disse que os EUA estão a procurar “uma desculpa” para rasgarem o acordo de 2015 que pôs fim às actividades nucleares do país — em troca, Teerão veria desaparecerem as sanções que estrangularam a sua economia.

Este acordo não proíbe o desenvolvimento de mísseis, mas depois de ter entrado em vigor, no ano passado, o Conselho de Segurança da ONU adoptou uma resolução pedindo ao Irão para não realizar, durante oito anos, qualquer acção relacionada com mísseis balísticos “com capacidade para transportar armas nucleares”.

Teerão argumenta que os testes como o realizado este sábado tem objectivos puramente defensivos — Rouhani falou em “dissuasão” — e que a resolução do Conselho de Segurança só se aplica a mísseis capazes de transportar ogivas nucleares.

No dia 15 de Outubro Trump vai anunciar ao Congresso a sua decisão sobre o acordo com o Irão, de que o seu antecessor, Barack Obama, foi um dos principais impulsionadores. Vai dizer se acredita que o Irão cumpriu o que estava estipulado no acordo e se os EUA devem continuar a cumprir a sua parte — já disse que a sua decisão está tomada, mas só nesse dia a irá anunciar.

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