"Querem condenar uma inocente e salvar os corruptos", diz Dilma

Num vídeo divulgado nas redes sociais nesta sexta-feira à noite, Presidente brasileira pediu o apoio da nação contra o processo de destituição.

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UESLEI MARCELINO

Dilma Rousseff tenta tenta defender-se do processo de destituição imintente na opinião pública: "Querem condenar uma inocente e salvar os corruptos", afirma num artigo de opinião publicado neste sábado no jornal Folha de São Paulo, depois de um vídeo divulgado nas redes sociais na sexta-feira à noite, em que a Presidente brasileira reafirmou um pedido aos brasileiros: é preciso travar a tentativa de impeachment porque ela representa a “maior fraude jurídica e política da história” do Brasil.

"Julgam que os que dirigem o golpe vão permitir que a luta contra a corrupção continue? Qual é a sua legitimidade?", interroga a Presidente na Folha.

O discurso da Presidente da República chegou a estar anunciado para a rede nacional de televisão brasileira, mas acabaria por ser divulgado apenas na página de Facebook de Dilma Roussef.  Num discurso de quase sete minutos, a presidente garantiu ao povo brasileiro que não há fundamentação legal para a impugnação: "Não há contra mim qualquer denúncia de corrupção ou desvio de dinheiro público. Jamais impedi investigação contra quem quer que fosse. Meu nome não está em nenhuma lista de propina [suborno], tão pouco sou suspeita de qualquer delito contra o bem comum." 

Dirigindo-se ao povo brasileiro, Dilma Roussef afirmou que o processo de impeachment tem travado o crescimento económico do Brasil, ao mesmo tempo que compromete projectos sociais do Governo como o Bolsa Família. Os “golpistas”, defendeu a Presidente, querem apenas destruir o projecto de inclusão social que o Partido dos Trabalhadores pôs em marcha nos 13 últimos anos.

No final da semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil manteve a discussão do processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff na Câmara do Deputados não dando razão a um pedido feito pela procuradoria-geral do Estado, que defende o Governo brasileiro na justiça. A acção tentava impedir que a discussão do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados se iniciasse já, alegando que o relatório feito pela comissão especial que avaliou o caso acolheu novas acusações para além da denúncia original, não permitindo que a Presidente se defendesse. 

O debate na Câmara de Deputados de Brasília vai durar três dias, terminando no domingo com a votação sobre a continuidade do processo de destituição. Se for aprovada, como a aritmética diz que será, o processo sobe ao Senado, para nova votação. Os três principais jornais brasileiros – O Globo, Folha e Estado de S. Paulo – garantiam nesta sexta-feira que já existem votos suficientes para aprovar o impeachment, depois de sondar as intenções de voto dos deputados. O mínimo necessário são dois terços da Câmara, ou 342 votos.

 

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