Imigrante terá morrido de frio ao passar fronteira entre EUA e Canadá

Autoridades locais falam num aumento de imigrantes que tentam atravessar a fronteira, desde que Donald Trump foi eleito Presidente.

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Desde o início de Maio, as autoridades já socorreram três imigrantes Reuters/MIKE BLAKE

Uma mulher de 57 anos, Mavis Otuteye, foi encontrada morta na fronteira entre o Minnesota, nos EUA, e Manitoba, no Canadá, pelo gabinete do xerife do Condado de Kittson e pela patrulha da fronteira norte-americana, noticia o Guardian. As autoridades acreditam que Mavis terá morrido por elevada exposição a baixas temperaturas e passava a fronteira para pedir asilo no Canadá.

A primeira autópsia revela que a imigrante, que segundo as autoridades era natural do Gana, África Ocidental, terá morrido a 26 de Maio. Conclusões definitivas sobre a causa da morte ainda estão, contudo, por apurar.

Uma responsável local de Emerson, uma comunidade da província de Manitoba, Canadá, anunciou que tem presenciado um aumento de pedidos de asilo por parte de imigrantes desde que Donald Trump foi eleito Presidente dos EUA. Greg Janzen explica que estas pessoas têm enfrentado temperaturas baixas e neve em direcção ao Canadá, como forma de contornar a política de imigração do Presidente norte-americano.

“Alguém morreu a tentar chegar ao Canadá para pedir asilo. Foi algo que já pensámos que pudesse acontecer, mas não nesta época do ano”, conta Greg Janzen.

De acordo a Polícia Montada, Manitoba interceptou 477 pessoas desde o início do ano. No entanto, o fenómeno estende-se por todo o país. Na Columbia britânica, foram contabilizados 233 imigrantes pela polícia, no mesmo período. No Quebeque, o número sobe para 1933. Mavis Otuteye é, contudo, a primeira morte confirmada.

No ano passado, o caso de Seidu Mohammed chamou a atenção da imprensa internacional. O imigrante, também natural do Gana, perdeu todos os dedos por causa do frio, durante o mesmo percurso que Mavis fazia entre os EUA e o Canadá. Em Maio, a Comissão de Imigração e Refugiados canadiana deu permissão para que Mohammed permanecesse no país, explicando que seria demasiado perigoso o indivíduo regressar ao Gana, uma vez que é bissexual.

As autoridades responsabilizam a morte de Mavis pelo acordo Safe Third Country, que proíbe pessoas que já tenham procurado asilo nos EUA de fazerem o mesmo pedido, como refugiados, no Canadá. O acordo obriga, assim, a que muitos atravessem a fronteira ilegalmente, muitas vezes sob condições atmosféricas adversas e à noite, para que tenham os seus pedidos de asilo aprovados.

Apesar do clima ter melhorado, as autoridades locais foram chamadas a socorrer pelo menos três imigrantes, desde o início de Maio.

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