Iglesias, "por qué no te callas"?

Se os partidos que desafiam o centro na Europa chegassem todos ao poder teríamos o fim da União Europeia e da ordem económica mundial.

Este fim-de-semana o extremismo, mais uma vez, teve honras de protagonismo em Espanha, com a vitória incontestada de Iglesias no congresso do Podemos.

O Podemos que nasceu como uma extensão do chavismo em Espanha. Aliás, Chávez injetou mais de sete milhões de euros na fundação que daria origem ao partido. Isto porque o modo sisudo seria potenciar mudanças no paradigma político espanhol mais alinhadas com o regime bolivariano.

Sobre Iglesias, a suspeita de que foi financiado pelo Irão, enquanto comentador político de um canal de TV afeto ao regime, também contribui para a aura nebulosa que envolve o aparecimento deste partido.

O socialismo revisado e as teorias políticas de Gramsci, altamente sedutoras aos jovens espanhóis universitários de esquerda, têm sido usados habilmente por Iglesias nos seus discursos populistas.

O perigo é que na Europa, o centro, cada vez mais, é derrotado pelos extremos antes de estes acabarem por ceder às correntes principais e de integrarem o establishment.

O centro-direita e o centro-esquerda gregos foram demolidos por tendências, antes marginais, de ambos os lados do espetro.

Em Portugal temos atualmente uma solução governativa apoiada nas esquerdas radicais. E França tem um forte candidato presidencial de extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, a defender a saída da NATO e a aproximação ao regime político chinês. Aliás, os extremos quando sonham com alternativas à falência do centro político conduzem sempre a resultados dramáticos.

Se os partidos que desafiam o centro na Europa chegassem todos ao poder teríamos o fim da União Europeia e da ordem económica mundial. Os governos tomariam sozinhos as decisões, acabaria a cooperação entre Estados e haveria regressão civilizacional. Por tudo isto impõe-se dizer, agora, a Iglesias o que D. Juan Carlos disse a Chávez: “Por qué no te callas?”.

         

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