Atacante de Barcelona identificado e procurado fora de Espanha. Número de mortos sobe para 15

Younes Abouyaaqoub, um marroquino de 22 anos, é confirmado como o autor do ataque, que as autoridades da Catalunha acreditam que foi planeado ao longo dos últimos seis meses. É procurado por toda a Europa.

Foto
O ministro espanhol do interior, Juan Ignacio Zoido, exibe uma fotografia do suspeito LUSA/J.J. GUILLEN

O nome já tinha sido avançado, mas a suspeita é agora confirmada oficialmente pelas autoridades da Catalunha. Younes Abouyaaqoub, um marroquino de 22 anos, era o condutor da carrinha que atropelou dezenas de pessoas nas Ramblas.O suspeito continua em fuga e não existem pistas sobre o seu paradeiro. As autoridades estenderam a investigação além-fronteiras e decorrem neste momento buscas "por todos os países europeus", em coordenação com as autoridades da Catalunha. Abouyaaqoub é apontado como o principal suspeito e um dos responsáveis pela morte de 15 pessoas no ataque em Barcelona, um número actualizado esta segunda-feira pelas autoridades catalãs. O número de vítimas mortais sobe assim para 15, uma vez que um segundo ataque da célula terrorista em Cambrils provocou também a morte de uma pessoa. A informação sobre a identidade do condutor foi confirmada pelo conselheiro do Interior do governo autónomo catalão, Joaquin Forn, durante uma entrevista à Rádio Catalunha e é citada pelo jornal espanhol El Mundo

As imagens do terrorista a sair da zona do atentado foram partilhadas a meio da manhã pelo jornal El País, que mostram Younes Abouyaaqoub a entrar pelo mercado das Ramblas antes de se dirigir à zona da universidade, onde terá roubado um automóvel. Por volta das 12h20 foi a polícia da Catalunha que as partilhou nas redes sociais e apelou à máxima divulgação das imagens do suspeito. As imagens são acompanhadas por uma descrição do indíviduo, que terá cerca de 1,80 metros de altura, é moreno e tem o cabelo curto.

Também esta segunda-feira a polícia da Catalunha adiantou que os membros da célula jihadista responsáveis pelos atentados terroristas na Catalunha estavam há seis meses a preparar os dois ataques — um em Barcelona e outro em Cambrils. Os encontros davam-se na casa de Alcanar (Tarragona), diz Josep Lluís Trapero, comandante dos Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, citado pelo jornal espanhol El Mundo. De acordo com o chefe da polícia da Catalunha, durante esse período as autoridades não receberam qualquer alerta para movimentos “estranhos” naquela morada, nem abriram qualquer investigação.

Uma das explicações para o facto de nunca terem sido feitas investigações é a inexistência de antecedentes de radicalização ou serem conhecidos quaisquer laços entre o Daesh e os 12 membros da célula. O mesmo se aplicava a Abdelbaki Es Satty, também de nacionalidade marroquina, que foi até há dois meses imã da mesquita de Ripoll e que é agora apontado pelas autoridades como o provável responsável pela radicalização dos jovens que perpetraram o atentado. O jornal El País noticiou que o imã seria "amigo" ou "conhecido" de pessoas que foram detidas por envolvimento nos atentados de 2004 na Estação de Atocha, em Madrid, mas nunca foram encontradas provas que o ligassem directamente aos atentados de 11 de Março.

Na casa de Alcanar, os terroristas aproveitaram para acumular grandes quantidades de gás butano e propano, através de roubos em estações de serviço ou de casas particulares, dizem fontes da investigação.

Para além destes combustíveis, a polícia da Catalunha e os bombeiros encontraram também substâncias para fabricar explosivos, entre as quais estavam os componentes necessários para fabricar um tipo de explosivo usado no atentado no aeroporto e metro de Bruxelas, em Março de 2016. O fabrico deste explosivo, baptizado pelo grupo terrorista como “mãe de Satanás”, é simples e barato, mas lento e sensível a altas temperaturas.

Numa primeira fase da investigação, as autoridades acreditavam que o veículo tinha sido conduzido por Moussa Okabir. No entanto, o marroquino de 17 anos foi identificado como um dos cinco suspeitos mortos na madrugada de sexta-feira em Cambrils, a cerca de 100 quilómetros de Barcelona, o que invalidou a tese inicial.

Enquanto as autoridades acreditam que a célula terrorista se começou a reunir há cerca de seis meses para a preparação do ataque, um familiar de um dos membros afirmou, em declarações ao El País, que o grupo já se reunia há pelo menos um ano, o dobro do tempo apontado pelas forças de segurança que lideram a investigação. De acordo com o primo de um dos terroristas, os encontros aconteciam de uma forma "extremamente secreta" e se os membros da célula e o imã se cruzavam na rua trocavam apenas um cumprimento como se fossem desconhecidos. "Salam aleikum [saudação islâmica] e já estava", conta.

A mesma fonte diz ainda que foi no mês de Junho, durante o Ramadão, que o grupo "perdeu o medo de morrer" e apontou uma mudança no comportamento do grupo, que se demonstrou mais disponível para a família — uma mudança comum em jovens radicalizados antes de cometerem um atentado.

Entre os mortos e feridos do atentado em Barcelona há vítimas de 35 nacionalidades. Duas portuguesas, uma mulher de 74 anos e a sua neta de 20, morreram no ataque, reivindicado pelo Daesh. Por volta das 12h33 desta segunda-feira, as autoridades catalãs disseram ter identificado todas as vítimas mortais. No total, os atentados provocaram a morte de seis espanhóis, três italianos, duas portuguesas, um belga, um norte-americano, um canadiano e um australiano.

Mesquitas alvo de mensagens de ódio

Depois de ter sido avançado o nome do imã Abdelbaki Es Satty, várias mesquitas foram alvo de ataques com mensagens de ódio. Entre as mesquitas atacadas estão a de Granada e Sevilha, onde foram pintadas mensagens xenófobas.

A polícia local de Granada recebeu uma chamada às 21h deste domingo em que era dado o alerta de que um grupo de 12 jovens do colectivo da extrema-direita Hogar Social estava a provocar desacatos às portas da mesquita. Entre gritos de “terroristas” e “São financiados pelo Daesh” ou “Saiam da Europa”, o grupo da extrema-direita atacou também com bastões, causando “medo e pânico”, escreve o El País. Este foi o primeiro ataque registado nesta mesquita, inaugurada há 23 anos. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários