Human Rights Watch denuncia novo ataque com armas químicas na Síria

Em Alepo, as forças do regime atacam os dois maiores hospitais na zona oriental controlada pelos rebeldes.

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Os combates chegaram perto da cidadela de Alepo Georges Oourfalian/AFP

Há fortes indícios de que as forças do regime sírio usaram armas químicas em dois recentes ataques em Alepo, denunciou a Human Rights Watch, organização de defesa dos direitos humanos com sede em Nova Iorque. Também há sinais do uso deste tipo de armas pelos combatentes do autoproclamado Estado Islâmico.

No mesmo dia, no terreno, as forças do regime atacaram os dois maiores hospitais da zona oriental e Alepo, o último de uma série de ataques contra pessoal médico e equipas de resgate.

A Human Rights Watch pede à ONU que tome medidas: “O Conselho de Segurança pode impedir atrocidades futuras se assegurar que o Governo sírio enfrenta consequências reais se ignorar as suas resoluções”, disse o vice-director para emergências da organização, Ole Solvang.

No entanto, a Rússia, aliada do Presidente sírio Bashar al- Assad, tem direito a veto no Conselho de Segurança. Uma reunião do conselho, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, acusou o seu homólogo da Rússia, Sergei Lavrov, de viver “numa realidade paralela” no que diz respeito à Síria.

Na última reunião, marcada de emergência, o embaixador francês na ONU acusou directamente o regime sírio e a Rússia de crimes de guerra pelos últimos ataques em Alepo pelo uso de armas incendiárias que fazem um grande número de vítimas civis na parte da cidade controlada pelos rebeldes, sujeita a cerco, onde não há água potável e a comida e medicamentos escasseiam. François Delattre fez mesmo uma comparação entre o que poderia ser Alepo na Síria: Sarajevo na guerra na Bósnia ou Guernica durante a guerra civil de Espanha.

Face às novas provas de uso de químicos tóxicos nos ataques, a Human Rights Watch insiste: o organismo deveria responder a estas informações de ataques, impor sanções individuais, e referenciar o caso ao Tribunal Penal Internacional.

A organização explica que identificar os químicos alegadamente usados nestes ataques sem testes laboratoriais é difícil – e com a cidade sujeita a cerco e sem materiais básicos, estes testes são impossíveis de fazer. Mas os sinais e sintomas relatados pelas vítimas, os testemunhos do pessoal médico que as assiste, e ainda imagens dos restos das bombas, incluindo vários cilindros de gás, indicam o uso de cloro.

Os dois ataques ocorreram a 10 de Agosto e a 6 de Setembro. Depois de cada um destes ataques, vítimas relataram falta de ar, tosse, olhos e pele avermelhada. Cinco pessoas, incluindo três crianças, morreram na sequência destes ataques.  

“As crianças estavam inconscientes e não reagiam a estímulos. A mãe estava a tremer, a tossir e espirrar. Mal conseguia respirar e estava a babar”, descreveu um médico.

A Human Rights Watch lembra que uma investigação da ONU e da Organização para a Proibição de Armas Químicas atribuiu dois ataques com cloro, em 2014 e 2015, ao Governo sírio e um ataque com gás mostarda ao autodenominado Estado Islâmico.

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