Hostilidade entre países, mas sem armas visíveis

Registo da expressão “guerra fria” no dicionário online Priberam: “Situação de hostilidade (ideológica, política, económica, tecnológica, militar) entre nações que procuram sabotar o regime adversário sem recurso ao conflito armado directo, mediante jogos de influência, pressões económicas, propaganda, espionagem ou transacções indirectas.”

A situação na Crimeia ou, se se preferir, a crise ucraniana fizeram regressar aos discursos internacionais o conceito de “guerra fria”, que há uns anos passou a ser grafado com maiúscula (“caixa alta”, na gíria jornalística), por se assumir tratar-se de um período histórico já terminado. “Desejo que tenhamos chegado ao fim da Guerra Fria”, disse na quarta-feira o secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Jan Eliasson, em conferência de imprensa. E também, depois de falar com elementos do Governo da Ucrânia, “não é do interesse de ninguém despertar esses fantasmas do passado”.

Mais dicionário: “Estado de tensão entre adversários que evitam realizar confrontos violentos.” Mais noticiário (de 4 e 6 de Março): “Moscovo sente-se ‘no direito de utilizar todos os meios para defender’ os cidadãos ucranianos e russos étnicos. Essa eventualidade será sempre ‘legítima’, garantiu Putin.” “Quando se olha para o conflito na Crimeia, os acontecimentos passam rapidamente de verdades absolutas a propaganda fabricada pelo lado oposto, consoante o ponto de vista do observador. Para deixar claro qual é o seu, que é partilhado com os governos da União Europeia, os Estados Unidos escreveram: ‘A ficção do Presidente Putin: 10 alegações falsas sobre a Ucrânia.’” Quando se fala em guerra, pensa-se em paz. Barack Obama já recebeu um Nobel nessa categoria. Vladimir Putin é candidato para este ano.     

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