Homem que tentou matar Ronald Reagan vai ser libertado ao fim de 35 anos

John Hinckley não foi declarado culpado por ter atirado sobre o Presidente dos EUA, em Março de 1981, mas foi condenado a internamento num hospital psiquiátrico. Agora, foi autorizado a convalescer em casa da mãe, de 90 anos.

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John Hinckley atirou sobre o Presidente dos EUA à porta do hotel Hilton de Washington, a 30 de Março de 1981 REUTERS/Michael Evans/The White House
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Presidente dos EUA foi atingido por uma bala que lhe perfurou um pulmão AP Photo/Ron Edmonds, File

John Hinckley Jr., o homem que em 1981 tentou assassinar o Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, vai sair em liberdade depois de ter estado internado num hospital psiquiátrico durante os últimos 35 anos. 

Hinckley, que tinha 25 anos quando atirou para matar o Presidente Ronald Reagan, recentemente empossado, foi considerado inimputável "por motivos de insanidade" e não foi declarado culpado em tribunal. No entanto, foi "condenado" a ficar internado para tratamento num hospital psiquiátrico. Esta quarta-feira o juíz federal Paul Friedman declarou que Hinckley já não está numa situação em que pode colocar a vida dele ou de terceiros em risco e pode ser libertado no próximo mês.

Actualmente, o homem de 61 anos encontra-se num hospital psiquiátrico em Washington. Agora terá autorização para viver com a sua mãe, Jo Ann, numa área residencial de acesso restrito. “É-lhe permitido viver a tempo inteiro em Williamsburg, Virgínia, em licença de convalescença, que não deve começar antes do dia 5 de Agosto de 2016”, lê-se no comunicado de 14 páginas, citado pela Reuters. Foram anexadas a esse comunicado 34 condições detalhadas pelo juíz, que podem ser depois atenuadas dependendo do seu progresso.

Hinckley terá que frequentar consultas com a sua psiquiatra em Washington, pelo menos uma vez por mês, e notificar os serviços secretos sempre que se deslocar para essas consultas. Caso a mãe de Hinckley, de 90 anos, deixe de conseguir acompanhá-lo em casa, essa responsabilidade ficará a cargo dos irmãos. No entanto, o juíz considerou a hipótese de eventualmente Hinckley poder viver sozinho.

Outras condições proíbem Hinckley de contactar meios de comunicação ou de partilhar de alguma forma as suas criações artísticas. Está também absolutamente proibido de contactar directa ou indirectamente a actriz Jodie Foster, que diz ter sido a motivação para o crime, ou os familiares de Ronald Reagan. A família Reagan foi sempre contra a sua libertação: Patti Reagan Davis, filha do antigo Presidente, escreveu no ano passado no seu site que queria acreditar nos médicos que atestavam que o atirador já não representava um perigo, mas achava que estes estavam errados quanto às melhoras de Hinckley.

O ataque aconteceu no dia 30 de Março de 1981, quando, numa tentativa de impressionar a actriz Jodie Foster – por quem Hinckley tinha ficado obcecado, quando viu o filme Taxi Driver –, disparou sobre o Presidente Ronald Reagan e mais três homens, o seu assessor de imprensa, um polícia e um agente dos serviços secretos, que se encontravam à porta do hotel Hilton de Washington. O Presidente foi atingido por uma bala que lhe perfurou um pulmão. Submetido a cirurgia, veio a recuperar dos ferimentos.

James Brady, na época porta-voz da Casa Branca, ficou gravemente ferido. Baleado na cabeça, acabaria por sifrer danos cerebrais e ficar parcialmente paralisado, forçado a deslocar-se em cadeira de rodas. Mais tarde tornou-se num importante defensor do controlo de armas. Com a sua mulher Sarah, criou uma organização que ajudou a que em 1993 fosse imposta uma lei que obriga a um maior escrutínio no processo de compra de uma arma. A sua morte, em 2014, foi considerada homicídio, pois resultou de problemas causados pelas lesões que sofreu em 1981, escreveu a CNN.

 

Texto editado por Rita Siza

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