"Hey, covardes!": histórias de londrinos que se cruzaram com os atacantes

Gabriele fotografou um dos atacantes no chão, antes de ser abatido pela polícia. Gerard atirou garrafas para os atrair para a rua.

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A fotografia em que se vê um dos alegados atacantes no chão, com um falso colete de explosivos no corpo LUSA/GABRIELE SCIOTTO

No chão está um homem deitado e a sangrar do braço esquerdo. De pé, um polícia aponta-lhe uma arma. O fotógrafo Gabriele Sciotto é o autor desta imagem do atentado de sábado, em Londres, e descreveu à BBC o momento que presenciou.

Gabriele Sciotto adianta que o homem que estava deitado no chão e ferido tinha um colete com explosivos. Viu mais duas pessoas com este tipo de colete-bomba. No entanto, o fotógrafo diz que pensou que não fossem reais. “Não pareciam reais, mas na verdade não sabia se eram. Mas não fiquei muito assustado”, assegurou.

No momento em que captava esta imagem, diz que se passou qualquer coisa do outro lado da rua, precisamente onde estava deitado um outro atacante. Gabriele Sciotto diz que apareceram então muitos polícias, que abateram estes homens à sua frente.

O fotógrafo recorda, ao Guardian, que se cruzou por mero acaso com os terroristas. Vinha de um bar, onde tinha assistido à final da Liga dos Campeões, acabando por ser autor da única imagem conhecida dos atacantes.

Os atentados de sábado aconteceram por volta das 22h em dois locais da capital inglesa: na Ponte de Londres e no Borough Market. O último balanço das autoridades aponta para sete pessoas mortas, além dos três atacantes que a polícia diz ter abatido.

O Serviço de Ambulâncias de Londres actualizou para 48 o número de pessoas que transportou para cinco hospitais da capital britânica. Algumas das pessoas estão em estado grave. A polícia também já fez 12 detenções relacionadas com o ataque, segundo anunciou ao início da tarde deste domingo.

Segundo a Reuters, que recolheu histórias de outros londrinos que se cruzaram com os atacantes e saíram ilesos, quando três homens armados com facas deram início à tragédia, os "londrinos deram luta com tudo o que estava à mão, incluindo atirar-lhes cadeiras e mesas".

Num primeiro momento, os atacantes atropelaram peões que cruzavam a Ponte de Londres com a carrinha em que se faziam transportar, conduzindo a alta velocidade. "Parecia que [o condutor] fazia pontaria a grupos de pessoas", descreveu Mark Roberts, 53 anos, consultor de gestão, citado por aquela agência britânica. Viu pelo menos seis pessoas deitadas no chão sem se mexer. "Um cenário horrível."

Já do lado sul do Tamisa, que atravessa a capital inglesa, os atacantes entraram com facas pelo mercado de Borough – onde dezenas de comerciantes vendem de tudo, desde alimentos crus a refeições e bebidas, roupa e acessórios – onde terão esfaqueado também diversas pessoas.

Gerard Vowles contou ao canal britânico Sky TV que se encontrava na rua, perto de um bar, quando ouviu alguém gritar que tinha sido esfaqueado. "Pensei que seria uma brincadeira", recorda Gerard, mas rapidamente percebeu que estava enganado quando depois viu um casal a ser esfaqueado enquanto, segundo conta, gritavam: "Isto é por Alá!".

"Quando eles pareciam querer ir embora, comecei a gritar 'Hey, covardes'", afirmou Gerard. "Só estava a tentar atrair a atenção deles atirando-lhes coisas. Pensei que se atirasse garrafas ou cadeiras, eles viriam atrás de mim, para a rua, onde a polícia os poderia travar ou abater."

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