Hollande quer prolongar estado de emergência até às presidenciais

"Precisamos de proteger a nossa democracia”, diz o primeiro-ministro, Manuel Valls.

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Christophe Petit Tesson/AFP

François Hollande quer prolongar o estado de emergência em França, em vigor há já um ano, “até às eleições presidenciais”, agendadas para a Primavera do próximo ano.

O Presidente francês, que falava à margem da cimeira do Clima, a decorrer em Marraquexe, confirmou a intenção que tinha sido anunciada horas antes pelo primeiro-ministro. “A França tem de ser lúcida sobre a ameaça [que enfrenta] e é por isso que iremos propor o prolongamento do estado de emergência”, disse Manuel Valls durante uma sessão de perguntas na Assembleia Nacional.

A medida de excepção, que reforça os poderes de investigação e acção das forças policiais, foi decretado após os atentados que, a 13 de Novembro de 2015, provocaram a morte a 130 pessoas em Paris. Foi o segundo ataque terrorista de grande dimensão no país em menos de um ano – em Janeiro, 17 pessoas morreram numa sucessão de ataques armados, incluindo o que visou a redacção do jornal satírico Charlie Hebdo.

As duas acções foram reivindicadas pelo Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico) que voltaria a assumir, já este ano, a responsabilidade por novos ataques no país, o mais sangrento dos quais a 14 de Julho, durante as comemorações do dia nacional na cidade de Nice – 86 pessoas morreram atropeladas por um camião conduzido por um radical francês de origem tunisina.

Europa está "sob ameaça permanente", um ano depois dos atentados de Paris

A medida tinha já sido prolongada em Julho por um segundo prazo de seis meses e a sua renovação voltou a ser falada durante as cerimónias que assinalaram, no domingo passado, o primeiro aniversário dos ataques de Paris.

Em entrevista à BBC, também nesta terça-feira, Valls admitiu que é “actualmente difícil pôr fim ao estado de emergência”, sobretudo quando o país se prepara “para entrar dentro de semanas numa campanha presidencial, com comícios e reuniões públicas”. “Precisamos de proteger a nossa democracia”, afirmou.

O prolongamento da medida tem sido criticada pela esquerda, incluindo dentro do Partido Socialista, liderado por Hollande, que apesar dos baixos índices de popularidade deu sinais de que pretende candidatar-se a um segundo mandato. A primeira volta das presidenciais está agendada para 23 de Abril e a segunda para duas semanas mais tarde, a 7 de Maio.

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