Haiti evita o vazio político nomeando um Presidente interino

Jocelerme Privert, de 63 anos, prometeu procurar um consenso que acabe com a violência política e social e realizar eleições a 14 de Maio.

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Jocelerme Privert, o Presidente interino do Haiti HECTOR RETAMAL/AFP

O Parlamento haitiano escolheu o presidente do Senado como chefe de Estado interino. Foram precisas dez horas e duas votações para Jocelerme Privert, de 63 anos, conseguir os votos necessários para ganhar a eleição que põe fim ao vazio de poder no país.  

Privet vai governar até 14 de Maio, sendo que para o dia 4 desse mês foi marcada a segunda volta das presidenciais, que já foi adiada duas vezes devido à profunda clivagem política que se vive no Haiti e que degenerou em violência diária nas ruas. A oposição denunciou que as eleições estavam a ser manipuladas pelo campo do Presidente cessante, Michel Martelly.

A votação para a eleição do Presidente interino, na madrugada deste domingo, reflectiu essa divisão. O senador Edgard Leblanc Fils, do partido da oposição Organização do Povo em Luta, venceu a primeira votação na câmara baixa, mas Privert ganhou no Senado, tendo por isso sido preciso voltar ao debate para haver acordo entre as duas câmaras e repetir a votação.

Privert foi ministro do Interior. Em 2004 foi preso e acusado de envolvimento no massacre de La Scierie, quando dezenas de opositores ao antigo Presidente Jean Bertrand Aristide foram mortos, duas semanas antes de este deixar a chefia do Estado. Foi libertado depois de passar 26 meses preso.

A Presidência do Haiti estava vazia desde que Martelly abandonou o cargo depois de cumprir o seu último mandato. O mandato do governo também terminara (assim como o mandato do Parlamento), mas os legisladores conseguiram chegar a acordo para manter uma estrutura institucional a funcionar e o primeiro-ministro, Evans Paul, à frente de um Governo de transição.

Privert comprometeu-se a cumprir as datas - das eleições e da investidura do próximo Presidente e Governo - e disse pretender procurar consensos que evitem uma nova eclosão da violência neste país onde as instituições são débeis.

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