O Irma está a chegar à Florida e ninguém pode ficar em casa

Pode estar em curso a maior evacuação da História dos EUA. Furacão é agora de categoria 4, mas continua a ser "extremamente perigoso". Cuba e o continente norte-americano são os próximos alvos.

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As pessoas fazem compras a precaver-se para a chegada do furacão ERIK S. LESSER/EPA

Com uma ordem de evacuação obrigatória nas zonas costeiras do Sul da Florida, antecipando a chegada do superfuracão Irma, na madrugada de domingo, torna-se difícil encontrar algumas coisas nas lojas. Como tábuas de madeira para reforçar portas e janelas das habitações que é preciso abandonar e deixar à mercê do vento, da chuva e talvez das ondas neste estado dos EUA. Que o digam as cerca de 130 pessoas que estavam nesta sexta-feira numa interminável fila no corredor 18 do Home Depot de St. Petersburg, uma cidade de cerca de 260 mil habitantes.

St. Petersburg fica numa península, entre a baía de Tampa e o golfo do México. As tábuas têm estado esgotadas, relata o Tampa Bay Times. “Tenho vindo cá todos os dias e acabam-se pouco antes de eu cá chegar”, contou ao jornal Tanner Loebel.

Matthew Harrigan, porta-voz do grupo de lojas com artigos de bricolage e decoração Home Depot, diz que foram enviados 1100 camiões com artigos destinados ao isolamento de habitações para o Sul da Florida, a Carolina do Norte e o Alabama, outros estados que podem ser afectados pelo Irma. Mas mesmo assim não têm sido suficientes.

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As tábuas servem para selar portas e janelas Bryan Woolston/REUTERS

Sábado, será a vez de Cuba sentir a força do Irma, cuja força abrandou para a categoria 4 – ainda assim, tem ventos de 240 km/hora. Turistas e até golfinhos foram retirados dos resorts nos ilhéus cubanos. Espera-se que Havana e a parte ocidental de Cuba seja poupada.

Mas o Irma continua a ser um gigantesco furacão, considerado “extremamente perigoso” e o primeiro território do continente norte-americano que vai encontrar, já no sábado, serão as Keys da Florida – o arquipélago de cerca de 1700 ilhas a cerca de 25 km a Sudeste de Miami. Pelo menos 31 mil pessoas fugiram já destas ilhas, diz o New York Times.

No domingo, a tempestade mais forte que se formou no Atlântico desde 2007 chegará às zonas costeiras do continente, depois de já ter morto 20 pessoas nas Caraíbas. Não se sabem os números certos, mas estima-se que milhões de pessoas estão a fugir da costa da Florida.

Vivem seis milhões de pessoas nos três condados mais populosos do estado - Miami-Dade, Broward e Palm Beach - mas as foram dadas de evacuação obrigatória penas para algumas zonas, por isso é difícil contabilizar. Só em Miami-Dade, o maior, foi ordenada a saída de 660 mil pessoas. Outros condados recomendaram aos moradores que deixassem as suas casas, sem que haja uma obrigação explícita, diz o USA Today. Ainda assim, pode estar em curso a maior evacuação da História dos EUA.

 “O furacão Irma é uma ameaça que vai devastar os EUA, seja na Florida ou noutro estado do sudeste”, afirmou o director da agência federal responsável pelos serviços de emergência, FEMA, Brock Long. Espera-se que partes da Florida possam ficar sem electricidade durante vários dias. “Posso garantir-vos que ninguém na Florida tem experiência do que está prestes a atingir o Sul do estado”, assegurou.

As declarações de Long assustam e a sua intenção e de outros governantes é exactamente essa: levar as pessoas a fugir, evitar a complacência. Que ninguém pense que pode ficar em casa. “Esta tempestade é gigantesca. É maior do que toda a Florida e pode ter um impacto de vida ou morte nas zonas costeiras”, alertou o governador da Florida, Rick Scott, citado pelo Tampa Bay Times. “Se estão numa zona de evacuação, vão-se embora. O erro é esperar.”

resort do Presidente Donald Trump (e espécie de Casa Branca de Verão) Mar-a-Lago, em Palm Beach, está numa destas zonas de evacuação obrigatória – e a ordem foi cumprida. Foi igualmente emitida uma ordem de evacuação obrigatória para as zonas costeira do estado da Geórgia, a partir de sábado. 

Quanto mais se atrasa a fuga, mais difícil é fugir. Apanhar um avião é a melhor opção. Mas, à medida que o furacão se aproxima, e as condições atmosféricas pioram, deixará de haver voos. Nas ilhas das Caraíbas que o Irma arrasou, os aeroportos ficaram inutilizáveis.

Fugir de carro é a segunda melhor hipótese – mas a gasolina tem falhado nas bombas. Cerca de um terço das estações de serviço nas áreas metropolitanas da Florida estão sem combustível. E os engarrafamentos fazem com que a fuga se desenrole a passo de caracol. 

 

 

 

 

 

 

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