Parlamento Europeu: Eleição do presidente chega à quarta volta

Desde manhã que Antonio Tajani, do PPE, é o mais votado, mas sem maioria absoluta

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Schulz e o seu eventual sucessor, Tajani LUSA/MATHIEU CUGNOT

Continua a não haver fumo branco no Parlamento Europeu cujo presidente só será eleito às 20h, numa quarta volta - algo que só tinha sucedido uma vez, em 1982. A quarta volta é disputada apenas pelos dois candidatos mais votados, Antonio Tajani, do Partido Popular Europeu (a família política de PSD e CDS e do eurodeputado do MPT), e Giovanni Pittella, da Aliança Progressista Socialistas & Democratas (S&D). Como acontece desde de manhã, Tajani voltou a ser o mais votado, mas de novo sem a necessária maioria absoluta. Obteve na terceira ronda 291 dos 690 votos validados, ficando a 55 votos da maioria absoluta.

O seu principal adversário, o compatriota socialista Pittela, obteve 199 votos, menos um do que na segunda ronda. E a belga Helga Stevens, do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, arrecadou 58 votos (antes eram 66), que teriam sido mais do que suficientes para o italiano do PPE ganhar já.

Stevens é a candidata do grupo dos Conservadores, que inclui os tories do Reino Unido e que declarou o seu apoio na segunda volta a Tajani, ainda que a sua candidata inicial não tivesse desistido. E o grupo acabou por, surpreendentemente, mudar de opinião, anunciando em comunicado que o acordo feito pelo Partido Popular Europeu (PPE) com a Aliança dos Liberais e Democratas Europeus (ALDE) de Guy Verhofstadt representa um regresso às políticas falhadas do passado" e a uma "abordagem centralizadora". É sabido que os conservadores britânicos não morrem de amores por Verhofstadt, que lidera a equipa de negociação do Parlamento Europeu com o Reino Unido para o "Brexit". E que não perde oportunidade de lembrar ao Reino Unido que não deve esperar facilidades por parte da União Europeia...  Não deixaria de ser irónico que estes tivessem um papel decisivo na escolha do próximo presidente do Parlamento Europeu, no mesmo dia em que Theresa May anuncia a saída do Reino Unido do mercado comum, no âmbito do "Brexit".

As duas candidatas mais à esquerda, a britânica Jean Lambert, dos Verdes, e a italiana Eleonora Forenza, da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (força de Bloco de Esquerda e PCP), recuperaram alguns votos face à segunda ronda, terminando a participação nesta eleição com 53 e 45 votos.

O romeno Laurentiu Rebega, do grupo Europa das Nações e Liberdade obteve 44 votos.

Na quarta volta já não podem surgir novos candidatos. E agora, em caso de empate, o cargo fica para o candidato mais velho. Só por uma vez, na eleição do socialista holandês Pieter Dankert em 1982, foi preciso recorrer a uma quarta ronda.

À quarta volta já só passam os dois candidatos mais votados. Em caso de empate, o cargo fica para o candidato mais velho. Só por uma vez, na eleição do socialista holandês Pieter Dankert em 1982 , foi preciso recorrer a uma quarta volta. E mesmo uma terceira volta foi algo que só se viu em 1987 e em 2002, anos em que foram eleitos o conservador britânico Lord Henry Plumb e o liberal irlândes Pat Cox. 

Actualmente, o PPE é o grupo com mais deputados, 217, seguido da Aliança Progressista dos Socialistas & Democratas (S&D) com 189, dos Conservadores Reformistas, com 74, da Aliança dos Liberais e Democratas Europeus (ALDE), com 68, da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (força em que se incluem o Bloco de Esquerda e o PCP), com 52 e dos Verdes/Aliança Livre Europeia, com 51. O Grupo Europa da Liberdade e da Democracia Directa tem 42, o Europa das Nações e da Liberdade tem 40 e há ainda 18 eurodeputados não inscritos em qualquer grupo.

Esta manhã, o presidente do grupo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa, o ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, anunciou a desistência da sua candidatura ao cargo de presidente do Parlamento Europeu. Verhofstadt apresentou a desistência como resultado de um entendimento entre a ALDE e o Partido Popular Europeu (PPE), que manteve a candidatura de Tajani, aberto à adesão de todas as outras forças políticas.

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