Grupos de ódio crescem à sombra de Donald Trump

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Grupos supremacistas brancos ficaram "extáticos" após a eleição de Donald Trump CHRIS KEANE

Além da mensagem populista que cativou a classe média-baixa suburbana dos Estados Unidos, deserdada pela globalização da economia, a retórica abertamente racista, xenófoba e misógina de Donald Trump “electrizou” a extrema-direita norte-americana, que nunca antes tinha ouvido um candidato presidencial prometer a expulsão do país de minorias étnicas e religiosas, como os mexicanos ou os muçulmanos – reduzidos à condição de traficantes de droga e de terroristas pelo homem que agora ocupa a Casa Branca.

Com a eleição do magnata do imobiliário para a presidência, “a direita radical entrou finalmente no mainstream político dos Estados Unidos”, constatou o Southern Poverty Law Center (SPLC), a autoridade norte-americana para as questões do ódio e extremismo político, que detectou um aumento do número de grupos radicais, e dos crimes raciais, depois do arranque da campanha de Donald Trump. Nos 34 dias seguintes à eleição, registaram-se 1094 incidentes de ódio e intolerância – “uma vaga de ódio directamente ligada à vitória de Trump”, lê-se no último relatório do SPLC.

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O último grande pico de actividade dos grupos nacionalistas, racistas e neo-nazis coincidiu com posse do primeiro Presidente negro dos EUA. Segundo o SPLC, a reacção à eleição de Barack Obama levou à constituição de um número recorde de grupos de ódio, que em 2011 chegaram aos 1018, o valor máximo em 30 anos de registos. Nos primeiros anos de mandato, não foram só os supremacistas que se reforçaram: o número de grupos que se designam como “patriotas” anti-governo aumentou exponencialmente de 149 em 2008 para 1360 em 2012.

Após a reeleição de Obama, em 2012, a dinâmica era de queda no que diz respeito ao “ódio organizado”, isto é, à actividade de grupos “com ideologias e práticas que atacam uma classe de pessoas, tipicamente pelas suas características imutáveis”. Mas com a entrada de Trump na arena política, a tendência inverteu-se e o número de grupos de ódio activos voltou a disparar: desde o fim de 2014, verificou-se um aumento de 17%. Em dois anos, o número total de grupos de ódio nos EUA evoluiu dos 784 para os 917 actualmente activos: por exemplo, o Ku Klux Klan, que contava com 72 “capítulos” em 2014, já tinha 190 no ano seguinte. E os grupos anti-muçulmanos, que eram 34 em 2015, dispararam para 101 no ano passado – um crescimento de 197%.

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A extrema-direita ficou “extática” com a eleição de Trump, “campeão da sua ideia de que a América é essencialmente um país branco”, nota Mark Potok, do SPLC. No rescaldo da votação, o director do site neo-nazi Daily Stormer, Andrew Anglin, reclamava os créditos da improvável vitória de Trump: “Não tenham dúvidas: fomos nós que fizemos isto. Se não fosse por nós, não teria sido possível”. Com a sua tépida condenação da marcha branca de Charlottesville, e a inacreditável equiparação entre a violência dos neo-nazis e a reacção dos manifestantes que os combatem, o Presidente mostrou que pensa o mesmo.

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