Os habitantes da zona ocidental de Londres estão indignados com o fluxo de pessoas que têm visitado as imediações da Torre Grenfell. Por estes dias, os turistas aproximam-se do prédio de 24 andares — que foi consumido pelas chamas no dia 14 de Junho, matando 79 pessoas — e param para tirar selfies junto do que sobra do edifício.

De forma a alertarem os visitantes para o incómodo que podem causar, foram erguidos cartazes junto da torre. Num deles, partilhado na rede social Twitter, lê-se “Grenfell é uma tragédia, não uma atracção turística”. A imagem foi partilhada pelo fotojornalista Guy Smallman, acompanhada pela descrição “é deprimente que isto tenha de ser dito”.

Wayne Kilo Lewis, que vive num quarteirão perto do prédio, afirmou ao Independent que “a fúria entre os residentes está a crescer”. O homem de 36 anos afirmou que os residentes e os voluntários apelam aos visitantes para que não tirem fotografias, “em sinal de respeito”. “As pessoas pedem para que ‘mostrem mais respeito, esta não é a altura e o local para isso [para tirarem fotografias]'”. Contudo, os pedidos têm sido ignorados, disse ao jornal britânico.

Lewis – que perdeu familiares no incêndio – confessou que não seria capaz de olhar para o edifício, por ser “muito emotivo e esmagador imaginar as pessoas a tentarem escapar”. Por outro lado, lamentou este mesmo londrino acrescentou, há pessoas à sua volta “que se riem”.

À CNN, Natasha Gordon declarou que viu vários visitantes a tirarem fotografias em frente à torre. “As pessoas levam isto como sendo uma festa”, disse, acrescentando que “vêm, desrespeitosamente, tirar fotografias sem deixar um cartão ou flores”.

Nas redes sociais, também se critica o comportamento dos visitantes. Natalie Garcia, que vive naquela zona, pediu no Twitter para que deixem os residentes “fazer o luto em paz”.

Outro utilizador considera que as pessoas que param para tirar fotografias são uma “vergonha” e que “deviam pensar mais na sociedade”, em vez de si próprias.

“O facto de os residentes de Grenfell terem de pedir para não tirarem fotografias mostra o quão pervertida a nossa sociedade é”, escreveu outro ainda.

Esta não é a primeira vez que visitantes desrespeitam locais onde ocorreram tragédias. Segundo a CNN, em 2014 uma adolescente do Alabama publicou nas redes sociais, uma selfie da sua visita ao campo de concentração Auschwitz, na Polónia. Essa partilha gerou uma onda de indignação online.

Já em Amatrice, o presidente da câmara Sergio Pirozzi pediu aos visitantes para que não fossem à cidade italiana “para tirarem selfies junto dos destroços”. Em Agosto do ano passado, um sismo atingiu aquela localidade, matando cerca de 300 pessoas e danificando monumentos históricos.