Governo britânico dispensa estrangeiros das equipas de conselheiros do "Brexit"

Equipa de Theresa May receia divulgação de material "sensível". "Seja qual for o motivo, ele vai parecer hostil e xenófobo."

Foto
Russell Boyce /Reuters

Os académicos estrangeiros – mesmo os mais conceituados – que têm estado a aconselhar o Governo britânico sobre o "Brexit" foram dispensados por não serem britânicos.

Segundo o jornal The Guardian, o Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) está preocupado com a possibilidade de informações "sensíveis" sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (o "Brexit") serem "divulgadas".

Steve Peers, professor de Direito Europeu na Universidade de Essex, disse que é "perfeitamente possível beneficiar do que podem dizer as pessoas mais bem qualificadas no país, sem que nada de sensível seja revelado". "Seja qual for o motivo desta decisão, ele vai parecer hostil e xenófobo", acrescentou.

"É absolutamente desconcertante que o Governo descarte pareceres especializados e independentes sobre o 'Brexit' simplesmente porque uma pessoa é de outro país", criticou Nick Clegg, do Partido Liberal-Democrata. "É mais uma prova de que os conservadores estão a adoptar uma postura chauvinista, em vez de racional no processo de tomada de decisões.

Sara Hagemann, da London School of Economics e holandesa, especializada em União Europeia, disse ao Guardian ter sido informada de que os seus serviços já não são necessários. No Twitter, escreveu: "Governo britânico quis o conselho dos melhores especialistas. Acabo de saber que eu e muitos colegas fomos desqualificados por não sermos cidadãos [britânicos]."

A London School of Economics contou que recebeu um email do Foreign Office a informar que deixavam de ser aceites relatórios ou pareceres redigidos por estrangeiros, quando o tema é o "Brexit". Os departamentos passaram a mensagem aos seus académicos.

Sugerir correcção
Ler 16 comentários