Genro do rei de Espanha vai trabalhar para o Qatar

Urdangarin foi convidado pelo actual seleccionador espanhol de andebol para integrar equipa técnica no Qatar.

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Urdangarin viaja na próxima semana para o Qatar, para acertar as condições da oferta Pedro Armestre/AFP

O genro do rei de Espanha, Iñaki Urdangarín, envolvido numa investigação judicial por suspeitas de enriquecimento ilícito, comunicou a sua intenção de se mudar para Doha, no Qatar, para integrar a equipa técnica de Valero Rivera, actual treinador da selecção espanhola de andebol que deverá passar a treinar a selecção do Qatar.

Valero Rivera, que levou a selecção de andebol espanhola a campeã do mundo no passado mês de Janeiro, recebeu agora uma proposta para treinar a selecção do Qatar por um salário de 800 mil euros anuais, segundo noticiou o jornal espanhol ABC. E convidou para a sua equipa técnica Urdangarín, antigo jogador de andebol, agora empresário, acusado no caso Nóos de apropriação indevida de dinheiros públicos.

A proposta feita a Urdangarín, apurou o El País, é de um contrato de dois anos e nos próximos dias Urdangarín fará uma viagem ao Qatar para acertar pormenores relacionados com as condições do contrato. Apesar de ser arguido no caso Nóos, o marido da infanta Cristina, a filha mais nova do rei D. Juan Carlos, não está impedido de deixar o país, já que não lhe chegaram a retirar o passaporte.

Segundo o diário espanhol, tanto a infanta Cristina como os filhos do casal continuarão em Espanha até ao final do ano lectivo. Depois é provável que também se mudem para o Qatar.

Urdangarín é suspeito de ter desviado vários milhões de euros de dinheiros públicos através do Instituto Nóos, uma fundação da qual foi presidente entre 2004 e 2006. Na semana passada, deram-se novos desenvolvimentos quando o juiz de instrução José Castro, que está a investigar o caso desde 2011, constituiu arguida também a infanta Cristina.

A audição da infanta viria a ser anulada logo no dia seguinte, depois de o procurador anticorrupção das Baleares ter considerado que não existem indícios para acusar a infanta e ter apresentado um recurso na Audiência Provincial, que levou o juiz a adiar a audição em tribunal da filha do rei que estava marcada para dia 27 de Abril.

Numa altura em que a imagem da monarquia espanhola está cada vez mais debilitada, não só fruto do escândalo Urdangarín, mas também por toda a actuação do rei – sondagens recentes apontam para uma taxa de impopularidade crescente de Juan Carlos, com 53% dos espanhóis a não aprovar a forma como está a desempenhar as suas funções –, foi anunciado que os gastos da Casa Real com contratos, viagens e manutenção de palácios e veículos oficiais passarão a ser públicos.

Há dois anos que a Casa Real espanhola começou a tornar públicas as suas contas e as contas com os dados que até aqui tinham sido disponibilizados já tinham permitido perceber que era a mais barata da Europa. Mas a comparação não era rigorosa porque não incluía estas despesas, pagas por vários ministérios, entre eles o dos Negócios Estrangeiros e o do Património Nacional. A despesa do Estado com a família real prevista no Orçamento do Estado de 2013 é de 7,9 milhões de euros.

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