Futuro de Michael Flynn em suspenso das palavras de Trump

Conselheiro de Segurança Nacional sob fogo por causa de conversas com embaixador russo antes de tomar posse. Casa Branca passou fim-de-semana a avaliar teor das dicussões.

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Flynn terá abordado as sanções adoptadas por Washington contra Moscovo nas conversas que manteve com o embaixador russo Carlos Barria/Reuters

Com menos de um mês de vida, o topo da Administração Trump enfrenta dias agitados e ninguém mais do que Michael Flynn, o conselheiro de Segurança Nacional sob suspeita de, ainda antes de tomar posse, ter discutido com o embaixador russo em Washington as sanções em vigor contra Moscovo. Até ao fecho desta edição, o Presidente norte-americano não tinha reagido ao caso, mas várias fontes admitem que possa vir a sacrificar aquele que foi um dos seus primeiros apoiantes.

A situação periclitante de Flynn – é um defensor da aproximação entre Washington e Moscovo – tornou-se evidente no domingo, quando Stephen Miller, principal conselheiro político de Trump, recusou por várias vezes responder se o Presidente mantinha a confiança no seu conselheiro. E o tema foi o grande ausente da conferência de imprensa de Trump com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, ao que tudo indica por escolha da presidência.

Em causa estão telefonemas, SMS e encontros entre Flynn e Sergei Kisliak nas semanas que antecederam a tomada de posse de Trump. Contactos que já eram conhecidos, mas que ganharam maior gravidade depois de sexta-feira o Washington Post ter noticiado, citando nove actuais e antigos responsáveis governamentais, que pelo menos num telefonema interceptado pelos serviços de segurança Flynn abordou as sanções aprovadas nos últimos dois anos pelos EUA.

Uma revelação que obrigou o general a admitir que, ao contrário do que sempre dissera, não podia garantir com “100% de certeza” que o tema não tivesse sido mencionado nas conversas – uma confissão que irritou não só Trump como o seu vice-presidente, Mike Pence, que antes o tinha defendido em público. Moscovo mantém, no entanto, a afirmação que o seu embaixador nunca discutiu as sanções com Flynn antes de este ter tomado posse.

“Flynn está a ficar sem amigos”, disse ao WP um membro da Administração, sublinhando que na Casa Branca “há um grande consenso de que ele mentiu”. Responsáveis da Administração contaram à Reuters que as transcrições da conversa foram analisadas durante o fim-de-semana na Casa Branca para perceber o conteúdo exacto da conversa, na mesma altura em que Flynn acompanhava Trump na estadia na Florida.

E o jornal Politico adianta que o Presidente terá confiado a uma pessoa próxima que os seus assessores não confiam no general para continuar a ocupar um cargo chave na definição da política externa americana. “Ele acha claramente que tem um problema”. No entanto, outras fontes dizem que é pouco provável que Trump se desfaça tão cedo de um dos principais conselheiros. “Isso seria uma admissão de culpa e de falta de discernimento”, mas também uma “demonstração do caos que reina nesta presidência, escreveu o WP.

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