Frontex acusa ONG de estimularem traficantes por salvarem refugiados

Fabrice Leggeri diz que agências que salvam pessoas perto da costa da Líbia estão a levar os traficantes a usar barcos cada vez mais inseguros.

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Navio do Frontex em missão de salvamento na costa da olha grega de Kos YANNIS BEHRAKIS/Reuters

Organizações Não-Governamentais que levam a cabo salvamentos cada vez mais perto da costa da Líbia estão a estimular aqueles que lucram com as viagens de refugiados e migrantes, disse o chefe do Frontex, Fabrice Leggeri, numa entrevista ao jornal alemão Die Welt. Os traficantes que cada vez mais põem pessoas em barcos inseguros e sem combustível suficiente para a viagem, contando com os salvamentos, declarou.

A afirmação provocou imediata oposição de ONG, que contrapuseram que a alternativa às operações de socorro era deixar as pessoas morrer no mar.

Leggeri queixou-se ainda da falta de cooperação das organizações que fazem salvamentos com as forças policiais que compõem o Frontex – neste momento, adiantou, 40% dos salvamentos no mar são levados a cabo por ONG. Isto, queixou-se, traz dificuldades para a investigação do Frontex sobre as redes de exploração que transportam as pessoas para a Europa.

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF), que salvam as pessoas nos naufrágios, criticaram as afirmações de Leggeri, dizendo que a sua acção no mar “não é a causa, mas sim uma resposta” à crise.

A conselheira Aurélie Ponthieu, citada pelo diário britânico The Guardian, acrescentou que os MSF já pediram uma reunião com o Frontex mas não receberam resposta.

Um argumento semelhante (de que os salvamentos faziam com que mais pessoas arriscassem a viagem insegura por mar) foi usado pelo Reino Unido para não apoiar a operação Mare Nostrum, uma operação europeia que acabou quando a Itália se recusou a pagar a maioria dos custos. Nessa altura (no final de 2014) foi substituída pela operação Tritão, do Frontex,  uma mudança criticada por ONG como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch por ter menos meios. A operação Tritão foi substituída em 2015 pela operação Sophia.   

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