França tem “um problema com o Islão” diz Hollande em livro polémico

Islão, imigração, jogadores de futebol ou romance são alguns dos temas polémicos presentes no livro publicado esta quinta-feira e que relata 61 encontros com François Hollande.

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Hollande refere que existem "demasiadas chegadas, de imigração que não deveria estar lá" AFP/YOAN VALAT

França “tem um problema com o Islão”, existe “demasiada” imigração indesejada ou “a mulher de véu de hoje” vai tornar-se o símbolo da República francesa, Marianne, de amanhã. Estes são alguns exemplos das afirmações mais polémicas proferidas pelo presidente francês, François Hollande, aos dois autores do livro agora publicado “Um Presidente Não Devia Dizer Isso…”.

Hollande é citado na obra, da autoria de Gerard Davet and Fabrice Lhomme, dois jornalistas de investigação, admitindo que “é verdade que existe um problema com o Islão. Ninguém duvida”. “Não é que o Islão se torne num problema no sentido em que é uma religião perigosa, mas na medida em que se quer afirmar como a religião da República”, diz ainda Hollande. Estes comentários terão sido efectuados em Dezembro de 2015, um mês depois dos atentados de Paris que vitimaram 130 pessoas, diz a Reuters.

Catalogando 61 encontros com o governante, os jornalistas e autores do livro publicado esta quinta-feira escrevem ainda que Hollande explicou que existem “demasiadas chegadas, de imigração que não deveria estar lá”. Questionado sobre a política anti-imigração e da defesa da identidade nacional preconizada pela extrema-direita francesa, o presidente diz que “a mulher de véu de hoje vai tornar-se na Marianne de amanhã”.

Esta afirmação foi interpretada como uma sugestão de que o símbolo nacional de França, Marianne, pode transformar-se numa mulher de burca. No entanto, e como diz o Telegraph, Hollande esclareceu que queria “libertar” as mulheres muçulmanas do véu: “Se conseguirmos oferecer as condições certas para que possam florescer, ela vai libertar-se do seu véu e tornar-se francesa”, diz o presidente gaulês antes de questionar: “Em última análise, que aposta estamos a fazer? De que esta mulher vai preferir a liberdade à escravidão, de que o véu pode ser uma forma de protecção mas que amanhã ela não vai precisar dele para sentir confiança acerca da sua presença na sociedade”.

Estas declarações já motivaram reacções por parte da direita republicana do país, que acusam Hollande de estar disposto a vender ao “desbarato” os símbolos mais poderosos da República francesa.

Mas o livro não se cinge aos problemas religiosos e de imigração que atingem o país. O presidente vira-se para os jogadores de futebol nacionais, que considera serem pouco patrióticos, sem valores e que “deixam a França cedo demais”.

Deixando o relvado passa-se para as histórias de amor. Sobre isso, François Hollande refere que Ségolène Royal, antiga companheira, mãe dos seus quatro filhos e actual ministra da Ecologia, foi a mulher pela qual se sentiu “mais próximo”. A actual relação, mantida com a actriz Julie Gayet, não escapa às conversas, admitindo que está a “sofrer” por não poder tornar a mesma oficial. Algo que não vai acontecer enquanto for presidente, revela.

Nicolas Sarkozy, antecessor de Hollande, é ainda apelidado de “pequeno De Gaulle” e “cheio de vulgaridade, maldade e cinismo”.

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