Forte sismo no Equador faz pelo menos 272 mortos e deixa cidade devastada

Um violento sismo de magnitude 7,8, o mais forte das últimas décadas, abalou sábado à noite a costa do Pacífico do Equador. Pedernales foi arrasada.

Fotogaleria
Bombeiros encontram uma vítima sob os escombros em Manta Guillermo Granja/REUTERS
Fotogaleria
Danos do terramoto na cidade de Manta Paul Ochoa/REUTERS
Fotogaleria
Edifício tomado em Portoviejo JUAN CEVALLOS/AFP
Fotogaleria
Retirada de pessoas soterradas pelos destroços em Manta Ariel Ochoa/AFP

A cidade de Pedernales, com cerca de 40 mil habitantes, foi arrasada pelo forte sismo de 7,8 de magnitude na escala de Richter que abalou o Equador esta madrugada. Pelo menos 80% da povoação e das infra-estruturas foram arrasadas, e a ajuda demorou horas a chegar, porque as estradas foram também destruídas. A população começou a debandar da cidade, pelos seus próprios meios. O sismo causou pelo menos 272 mortos em toda a costa do Pacífico do Equador, anunciou o Presidente, Rafael Correa, que estava fora do país, no Vaticano, e voltou o mais rapidamente possível. 

O sismo causou estragos tanto para norte como para sul do local do epicentro, a 27 quilómetros de Muisne e a 170 quilómetros de Quito, a capital, que fica no interior. Registaram-se pelo menos 189 réplicas.

Na maior cidade do país, Guayaquil, a sul, caiu uma ponte. Houve inúmeros deslizamentos de terras, que causaram acidentes em si próprios e dificultaram as operações de salvamento. Vários aeroportos sofreram danos. Na cidade costeira de Manta, uma torre de controlo do aeroporto ficou completamente destruída. Há pelo menos 2557 feridos, num balanço oficial no domingo à noite. Todos estes números podem aumentar nas próximas horas, porque há pessoas soterradas que ainda não receberam auxílio. 

PÚBLICO -
Aumentar

As cidades costeiras a ocidente foram mais afectadas, mas o sismo gerou pânico em Quit. O sismo, o pior desde 1979 no Equador, produziu-se devido ao choque entre a placa Nazca e placa da América do Sul.

Pedernales, a área de praia mais próxima de Quito, é a área mais sofrida. "O que aconteceu aqui em Pedernales foi uma catástrofe", disse à Reuters Ramón Solorzano, um vendedor de acessórios de automóveis de 46 anos em Manta. Ele e a família preparavam-se para deixar a cidade. "As pessoas estão todas na rua, com as mochilas às costas. “As estradas estão destruídas. Não há energia eléctrica e os telefones não funcionam", explicou.

Surgem vários relatos de que a população de Pedernales fugiu da cidade destruída pelos seus próprios meios, com a ajuda a tardar a chegar. "Estamos a tentar fazer o melhor possível, mas não há muito que possamos fazer", disse o presidente da câmara de Pedernales, Gabriel Alcivar, citado pela Associated Press.

O autarca pediu às autoridades que enviassem máquinas para remover terras e pessoal capaz de procurar pessoas soterradas, pois muitos edifícios ruíram com o abalo e há pessoas presas nos destroços. Disse ainda que começou a haver a pilhagem de bens no meio do caos, e a polícia local está demasiado ocupada com os primeiros socorros para poder estabelcer a ordem. "A cidade inteira entrou em colapso", admitiu o autarca. 

"Ainda não conseguimos chegar a Pedernales", reconheceu o vice-Presidente Jorge Glas. "A situação é muito complicada. As estradas naquela zona foram muito afectadas", explicou, em conferência de imprensa, ao início da manhã (hora local). "Sabemos que há cidadãos nos escombros que precisam de ser resgatados. Temos todos os recursos no terreno e vamos receber ajuda internacional", assegurou.

Estado de emergência

Foram mobilizados 10 mil soldados e 4600 agentes da polícia para prestar auxílio nas áreas afectadas pelo tremor de terra, adiantou Glas. O Presidente, Rafael Correa, declarou o estado de emergência nacional e fez um apelo à calma no Twitter: “O nosso amor infinito vai para as famílias dos que morreram.”

O Presidente, que estava numa visita oficial ao Vaticano, anunciou ainda que o país receberia equipas de socorro da Colômbia e do México para apoiar nas operações de resgate e no apoio às vítimas, e alocou uma verba de cerca de 500 milhões de euros para fazer face aos danos causados pelo sismo. Aterraria ao fim do dia em Manta, uma das cidades na zona mais afectada. 

Este sismo foi seis vezes mais forte do que o do Japão na sexta-feira, de magnitude 7 (de acordo com a medição dos Serviços Geológicos Americanos, 7,1 na medição da Agência Meteorológica Japonesa) na escala de Richter, disse à Associated Press David Rothery, professor de ciências planetárias na Universidade Aberta de Londres. "Foi provavelmente 20 vezes maior", afirmou. Foi também ligeiramente mais profundo que os do Japão — ocorreu a cerca de 19 quilómetros, no mar, quando no Japão os maiores sismos dos últimos dias estão a verificar-se a cerca de 10 quilómetros da superfície.

No entanto, sublinhou este cientista à AFP, não é possível estabelecer uma relação de causa-efeito entre os sismos do Japão e este sismo no Equador. "Há pelo menos duas dezenas de sismos com magnitude superior a 7 todos os anos, em qualquer parte do planeta", explicou.

As consequências tornam-se mais ou menos graves dependendo das condições locais, entre as quais a qualidade da construção, ou o facto de o sismo ocorrer em locais muito ou pouco povoados. Neste caso, no Equador, está a  ter efeitos sérios.

A refinaria de Esmeraldas, que produz 110 mil barris de petróleo diários, parou a produção, como medida de precaução.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários