Eurodeputado espanhol expulso da Venezuela diz que não estava no país como observador

Foto
O político espanhol reafirmou no sábado as críticas feitas ao regime de Chávez Tomas Bravo/Reuters

O eurodeputado espanhol Luis Herrero, que foi expulso de Caracas na noite de sexta-feira, clarificou já esta manhã – à chegada ao aeroporto de Barajas, em Madrid – que não se encontrava na Venezuela na qualidade de observador eleitoral ao polémico referendo de revisão constitucional que está hoje em curso naquele país.

Estava na Venezuela a estrito convite do partido democrata-cristão venezuelano Copei (da oposição ao Presidente, Hugo Chávez), explicou o eurodeputado aos media espanhóis e, por isso, tinha “plena capacidade para expressar opinião” sobre aquilo que viu e ouviu no país: “Algo absolutamente intolerável”, avaliou, garantindo que o fará saber “onde quer que faça falta [fazê-lo]".

Herrero foi levado pelas autoridades venezuelanas a um avião, com destino à cidade brasileira de São Paulo, às 23h30 horas da noite de sexta-feira em Caracas (3h30 em Portugal) – no que diz ter sido “algo como um sequestro” – ,depois de ter declarado ao canal de televisão privado Globovision que Chávez é um “ditador” e que a Comissão Eleitoral tinha em curso “manobras pouco transparentes e antidemocráticas”.

Referia-se, nesta última alusão, ao facto de as autoridades eleitorais terem estendido por mais duas horas do que em sufrágios anteriores, até às 18h00 locais, a abertura das assembleias de voto no referendo – com o qual Chávez, que celebrou este mês dez anos no poder, quer receber aval para retirar os limites constitucionais aos mandatos elegíveis por sufrágio, incluindo o presidencial.

O político espanhol – membro da bancada do Partido Popular Europeu e Democratas Europeus (PPE-DE) e deputado em Espanha do Partido Popular espanhol (de direita) – reafirmara no sábado as críticas feitas ao regime de Chávez e às autoridades eleitorais venezuelanas: “Depois de ouvir os presidentes de câmaras da oposição sobre o medo que existe [na Venezuela] e as ameaças feitas pelo Presidente Hugo Chávez aos adversários, disse que estes são comportamentos próprios de uma ditadura e não o corrijo nem me arrependo”.

Ontem reiterou-o, uma vez mais: “não tiro uma vírgula ao que disse”, citava-o o diário espanhol "El País". E mais. Lançou clara crítica para o espectro político espanhol: “[é] uma falta de princípios manter uma equidistância formal com alguém que está a destruir as liberdades dos cidadãos”.

Na véspera, a titular da pasta das Relações internacionais do PSOE (liderado pelo primeiro-ministro espanhol, Luis Zapatero), Elena Valenciano, criticara a tomada de posição de Herrero, defendendo que “os observadores internacionais não podem intervir durante um processo eleitoral”.

Sugerir correcção
Comentar