EUA mandam sair famílias do pessoal diplomático na Venezuela

Ordem foi anunciada a 72 horas das eleições convocadas pelo Presidente Nicolás Maduro e só se aplica aos familiares. Os membros da embaixada podem sair se quiserem.

Foto
Vista sobre a embaixada dos EUA em Caracas, numa foto de 2015 Reuters/Carlos Garcia Rawlins

O Departamento de Estado norte-americano ordenou na quinta-feira a saída da Venezuela por parte de todos os familiares de funcionários dos EUA que prestam serviço na embaixada em Caracas.

A ordem surge no meio de um clima de túmultos, que tem vindo a agravar-se à medida que o país se aproxima das eleições de domingo, convocadas pelo Presidente Nicolás Maduro, com vista à eleição de uma nova Assembleia Constituinte. A oposição não larga os protestos nas ruas, os confrontos prosseguem – assim como as mortes: esta semana morreram mais cinco pessoas (incluindo um jovem de 16 anos) em diferentes localidades, elevando para 108 o número de vítimas mortais nos protestos desde Abril.

Segundo a agência de notícias Reuters, o Departamento de Estado obriga os familiares dos trabalhadores a abandonarem um país que enfrenta uma grave crise política e se afundana economia, mas para os funcionários do corpo diplomático, a saída da Venezuela é voluntária, segundo se lê no alerta de viagem.

“A situação política e de segurança da Venezuela é imprevisível e pode mudar rapidamente”, sublinha este novo aviso do Departamento de Estado, lembrando que desde Abril as manifestações têm acontecido diariamente em todo o país, e que “provocam forte resposta policial”, que inclui uso de gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os participantes.

Os “grupos armados” associados ao Governo do Presidente Nicolás Maduro “frequentemente usam violência para intimidar os manifestantes”, afirma o Departamento de Estado.

O Governo dos Estados Unidos aumentou na quarta-feira a pressão contra o plano do Governo venezuelano de realizar no domingo uma Assembleia Nacional Constituinte, ao sancionar 13 dirigentes e ex-dirigentes venezuelanos, e alertou que, a verificar-se, esta eleição pode marcar “o fim da democracia na Venezuela”.

Dos 13 dirigentes punidos pelo Departamento do Tesouro, quatro foram castigados por terem promovido a Constituinte ou por “minarem a democracia ou os direitos humanos na Venezuela”.

Entre eles está Elías Jaua, presidente da Comissão Presidencial para a Constituinte, ministro da Educação e ex-vice-presidente da Venezuela; e Tibisay Lucena, presidente do Conselho Nacional Eleitoral, que defendeu a convocatória.

O Tesouro norte-americano também sancionou um membro da comissão dirigida por Jaua, María Iris Varela, e o Defensor do Povo da Venezuela, Tarek William Saab, por considerar que não está a cumprir o seu compromisso de “defender os direitos humanos” no país.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, alertou na semana passada que imporia novas sanções ao Governo de Maduro se este avançasse com o projecto da Assembleia Constituinte.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários