EUA aplaudem apoio da China a reforço de sanções contra Pyongyang

Conselho de Segurança expandiu sanções contra dirigentes e instituições norte-coreanas pela primeira vez desde que Trump tomou posse.

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O secretário da Defesa dos EUA, James Mattis, faz um complicado aperto de mão com os seus congéneres da Coreia do Sul, Han Min-koo, e do Japão, Tomomi Inada

Os Estados Unidos deram um voto de confiança à China em relação à Coreia do Norte. Os elogios de Washington surgem depois de o Conselho de Segurança da ONU ter alargado o âmbito das sanções actualmente em vigor contra dirigentes e instituições norte-coreanas, por causa do desenvolvimento nuclear levado a cabo pelo regime.

Os vários intervenientes que tentam conter o programa nuclear norte-coreano parecem continuar a apostar na via diplomática para travar Pyongyang. O secretário de Estado da Defesa dos EUA, Jim Mattis, voltou à Ásia para assegurar aos aliados regionais que o apoio de Washington é inabalável. Mas a cooperação com a China – que muitos temem poder aproveitar um eventual recuo norte-americano na região – também é prioritária.

“A Administração [de Donald] Trump está agradada pelo renovado compromisso chinês em trabalhar com a comunidade internacional no caminho para a desnuclearização [da Coreia do Norte]”, afirmou Mattis, em Singapura durante o Diálogo de Shangri-La, o encontro anual que junta representantes diplomáticos e militares do continente asiático.

Mattis falava depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a expansão da lista de dirigentes e instituições norte-coreanas que são alvo das sanções em vigor – que incluem um congelamento de bens no estrangeiro e uma proibição de poder entrar noutros países, no caso das pessoas alvo das sanções. Esta foi a primeira acção do órgão executivo das Nações Unidas contra a Coreia do Norte desde que Donald Trump tomou posse, em Janeiro.

A decisão torna-se ainda mais significativa uma vez que, não se tratando de novas medidas, mas sim de uma ampliação da sua abrangência, não seria necessário que o Conselho de Segurança se pronunciasse. Bastaria uma aprovação pelo comité de sanções. Porém, explica a Reuters, a delegação norte-americana terá conseguido convencer Pequim a trazer o voto para o Conselho de Segurança, com o objectivo de aumentar o impacto da acção.

A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, assegurou que Washington continua a privilegiar “uma solução diplomática e pacífica” para a questão nuclear norte-coreana. Porém, “os Estados Unidos continuam preparados para responder à agressão norte-coreana através de outros meios, se necessário”, acrescentou.

O embaixador chinês, Liu Jieyi, disse que existe “uma janela crítica de oportunidade para que a questão da península regresse ao caminho certo para alcançar um acordo através de diálogo e negociações”. A Administração Trump tem insistido no papel que Pequim – como principal aliado da Coreia do Norte – deve adoptar para pressionar o regime de Kim Jong-un a abandonar o programa nuclear. O Governo chinês responde que a sua influência é menor do que aquela que lhe é atribuída em Washington e tem criticado decisões dos EUA como a instalação de um sistema antimíssil na Coreia do Sul, o THAAD.

Entretanto, os EUA iniciaram na quinta-feira manobras militares navais com o Japão, que incluíram dois porta-aviões da Marinha norte-americana, algo pouco comum nos exercícios de rotina que costumam ter lugar na região. As manobras deste género são encaradas como uma das formas de Washington intensificar a pressão sobre a Coreia do Norte.

No último mês, o regime norte-coreano realizou três testes de mísseis balísticos, e há receios de que em breve venha a levar a cabo um ensaio nuclear – seria o sexto da sua história. As manifestações bélicas de Pyongyang arriscam a matar à nascença os esforços diplomáticos que o recém-eleito Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, pretende retomar.

Apesar daquilo que Seul classifica de “provocações” parecer longe de cessar, Moon mantém a estratégia. “Iremos liderar as questões da Península Coreana sem depender do papel de outros países”, afirmou esta semana Moon, deixando um recado para Pequim e Washington. O novo Presidente quer suspender a instalação do THAAD e exigiu a abertura de uma investigação às alegações de que recentemente foram enviados novos componentes sem o seu conhecimento. 

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