EUA acenam com novas sanções à Coreia do Norte após mais um teste balístico

Míssil, aparentemente de médio alcance, explodiu minutos depois da descolagem. Disparo "desrespeitou os desejos da China", diz Trump.

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Este terá sido o quarto ensaio falhado da Coreia do Sul desde Março Kim Hong-Ji/Reuters

Tinham passado poucas horas desde que o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, avisou que o mundo enfrentará “consequências catastróficas” se nada fizer para travar a Coreia do Norte, quando Pyongyang testou novamente um dos seus mísseis. Militares da Coreia do Sul e dos Estados Unidos afirmam que o disparo falhou, mas o desafio promete acelerar o cerco diplomático a Pyongyang.

Através do Twitter, o Presidente norte-americano, Donald Trump, argumentou que “a Coreia do Norte desrespeitou os desejos da China e do seu muito respeitado Presidente”, Xi Jiping. Desde a sua chegada à Casa Branca, Trump tem insistido que só a China, o único aliado internacional de Pyongyang, pode pressionar de forma eficaz o líder norte-coreano, Kim Jong-un, incluindo ao pôr integralmente em prática as sanções decididas pelo Conselho de Segurança em resposta aos anteriores testes nucleares (cinco desde 2006) e ensaios balísticos. Numa entrevista quinta-feira à Reuters, Trump disse que Xi “está a esforçar-se muito” por controlar a Coreia do Norte, mas insistiu que continua a existir um risco de um “grande, grande conflito” na região.

Um responsável americano disse à Reuters que os EUA ponderam reagir ao disparo acelerando a aplicação de novas sanções, que visariam entidades norte-coreanas, mas também chinesas com negócios no país. Entretanto, chegou a águas sul-coreanas o porta-aviões que Trump anunciou há semanas que seria enviado para a região – uma resposta Às acções do regime norte-coreano que só fez aumentar a retórica do país.

Segundo o Estado-maior do Exército sul-coreano, o míssil foi lançado de uma base a norte da capital e terá atingido uma altitude de 71 quilómetros antes de se desintegrar. Uma fonte militar dos EUA, que falou à agência britânica, sob anonimato, disse que os norte-coreanos terão testado um KN-17, um míssil terra-mar de médio alcance ainda em fase de testes, e que este se terá desintegrado minutos depois do disparo.

Este terá sido o quarto teste falhado desde Março, depois de um ensaio bem-sucedido a 6 de Março. No entanto, Kim Dong-yub, um especialista em política norte-coreana da Universidade de Kyungnam, em Seul, não exclui a hipótese de os cientistas de Pyongyang terem feito explodir o projéctil – depois de recolherem os dados que pretendiam nos primeiros minutos de voo – a fim de evitarem enfurecer a China, que esconde cada vez menos o seu desagrado com a imprevisibilidade norte-coreana.  

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, cujo país está já ao alcance dos mísseis norte-coreanos, classificou este disparo como uma “grave ameaça” para a sua segurança nacional e um gesto “absolutamente inaceitável”. Também a França, membro permanente do Conselho de Segurança, afirmou que esta série inédita de ensaios balísticos exige uma resposta “firme” e “determinada” de todos os Governos.

No entanto, na reunião de sexta-feira em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, pôs alguma água na fervura, ao reafirmar que a resolução do problema norte-coreano “não está nas mãos do país”. Já este sábado, a agência de notícias Xinhua afirmou que, sem concessões quer de Washington quer de Pyongyang, “toda a região e o mundo inteiro pagarão um preço pesado por um possível confronto”. Também o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, pediu a Trump para não responder às provocações de Kim Jong-un que, diz, “quer acabar com o mundo”.

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