EUA acenam com novas sanções à Coreia do Norte após mais um teste balístico
Míssil, aparentemente de médio alcance, explodiu minutos depois da descolagem. Disparo "desrespeitou os desejos da China", diz Trump.
Tinham passado poucas horas desde que o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, avisou que o mundo enfrentará “consequências catastróficas” se nada fizer para travar a Coreia do Norte, quando Pyongyang testou novamente um dos seus mísseis. Militares da Coreia do Sul e dos Estados Unidos afirmam que o disparo falhou, mas o desafio promete acelerar o cerco diplomático a Pyongyang.
Através do Twitter, o Presidente norte-americano, Donald Trump, argumentou que “a Coreia do Norte desrespeitou os desejos da China e do seu muito respeitado Presidente”, Xi Jiping. Desde a sua chegada à Casa Branca, Trump tem insistido que só a China, o único aliado internacional de Pyongyang, pode pressionar de forma eficaz o líder norte-coreano, Kim Jong-un, incluindo ao pôr integralmente em prática as sanções decididas pelo Conselho de Segurança em resposta aos anteriores testes nucleares (cinco desde 2006) e ensaios balísticos. Numa entrevista quinta-feira à Reuters, Trump disse que Xi “está a esforçar-se muito” por controlar a Coreia do Norte, mas insistiu que continua a existir um risco de um “grande, grande conflito” na região.
Um responsável americano disse à Reuters que os EUA ponderam reagir ao disparo acelerando a aplicação de novas sanções, que visariam entidades norte-coreanas, mas também chinesas com negócios no país. Entretanto, chegou a águas sul-coreanas o porta-aviões que Trump anunciou há semanas que seria enviado para a região – uma resposta Às acções do regime norte-coreano que só fez aumentar a retórica do país.
Segundo o Estado-maior do Exército sul-coreano, o míssil foi lançado de uma base a norte da capital e terá atingido uma altitude de 71 quilómetros antes de se desintegrar. Uma fonte militar dos EUA, que falou à agência britânica, sob anonimato, disse que os norte-coreanos terão testado um KN-17, um míssil terra-mar de médio alcance ainda em fase de testes, e que este se terá desintegrado minutos depois do disparo.
Este terá sido o quarto teste falhado desde Março, depois de um ensaio bem-sucedido a 6 de Março. No entanto, Kim Dong-yub, um especialista em política norte-coreana da Universidade de Kyungnam, em Seul, não exclui a hipótese de os cientistas de Pyongyang terem feito explodir o projéctil – depois de recolherem os dados que pretendiam nos primeiros minutos de voo – a fim de evitarem enfurecer a China, que esconde cada vez menos o seu desagrado com a imprevisibilidade norte-coreana.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, cujo país está já ao alcance dos mísseis norte-coreanos, classificou este disparo como uma “grave ameaça” para a sua segurança nacional e um gesto “absolutamente inaceitável”. Também a França, membro permanente do Conselho de Segurança, afirmou que esta série inédita de ensaios balísticos exige uma resposta “firme” e “determinada” de todos os Governos.
No entanto, na reunião de sexta-feira em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, pôs alguma água na fervura, ao reafirmar que a resolução do problema norte-coreano “não está nas mãos do país”. Já este sábado, a agência de notícias Xinhua afirmou que, sem concessões quer de Washington quer de Pyongyang, “toda a região e o mundo inteiro pagarão um preço pesado por um possível confronto”. Também o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, pediu a Trump para não responder às provocações de Kim Jong-un que, diz, “quer acabar com o mundo”.