Escolas turcas vão deixar de ensinar a teoria da evolução de Darwin

Autoridades que tutelam a educação consideram a teoria controversa e de difícil compreensão para os alunos.

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Reuters/MURAD SEZER

Os liceus da Turquia vão deixar de ensinar a teoria da evolução de Charles Darwin, por ser considerada controversa e difícil de perceber, revelou o director da comissão nacional de educação, Alparslan Durmus.

O capítulo com o título “Início da Vida e da Evolução” será retirado dos manuais de Biologia utilizados nas escolas e o material será disponibilizado apenas aos estudantes que pretendem entrar na universidade, que tenham entre os 18 e os 19 anos, disse Durmus, durante uma conferência online, citada pela Reuters.

“Temos a noção de que se os nossos estudantes não têm os conhecimentos para compreender as premissas e as hipóteses, ou se não têm uma moldura científica e o conhecimento necessário, não irão conseguir compreender algumas das questões polémicas, portanto deixamo-las de fora”, afirmou.

Os críticos dizem que o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, e o partido islamista AKP estão a pôr em causa os pilares da Turquia secular e moderna ao promoverem uma agenda conservadora, incluindo uma regulação mais apertada do consumo de álcool e outras restrições.

A teoria da evolução de Darwin é rejeitada tanto pelos criacionistas cristãos como muçulmanos, que acreditam que Deus criou o mundo como está descrito pela Bíblia e pelo Corão.

O vice-primeiro-ministro, Numan Kurtulmus, disse no início do ano que a teoria de Darwin, publicada no século XIX, é “velha e podre” e não tem necessariamente que ser ensinada.

As mudanças anunciadas fazem parte do novo programa escolar que entra em vigor no início do ano lectivo de 2017-2018, e foram elaboradas de acordo com os “valores turcos”, disse Durmus.

Um grupo de activistas que promovem a educação secular mostrou preocupação com as mudanças no programa, dizendo que reduzem o foco dado aos desenvolvimentos alcançados por Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da Turquia moderna que proibiu o islão na vida pública.

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