Encontrados 13 corpos de migrantes num contentor na Líbia

Ao que tudo indica os migrantes encontrados mortos foram trancados no contentor durante dias enquanto faziam a viagem até à costa da Líbia.

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Desde terça-feira o Crescente Vermelho recuperou pelo menos 87 corpos de migrantes que tentavam chegar à costa da Líbia LUSA/LIBYAN RED CRESCENT HANDOUT

Foram recuperados os corpos de 13 migrantes que morreram sufocados num contentor na Líbia, noticia a Reuters citando a organização Crescente Vermelho.

Tudo indica que os migrantes foram trancados no contentor durante alguns dias enquanto se procedia ao transporte para a cidade costeira da Líbia, Al Khums, local de onde se tentariam atravessar o Mediterrâneo em direcção à Europa, explica o Crescente Vermelho em comunicado, acrescentando que 56 migrantes foram retiradas vivas do contentor, algumas delas com lesões graves e fracturas.

Já na última terça-feira o Crescente Vermelho da Líbia recuperou 74 corpos de refugiados e migrantes que deram à costa na cidade de Zawiya, no Mediterrâneo. Os corpos deram à costa durante a noite, mas ainda não foi possível encontrar rasto do barco em que viajavam.

O número de mortes de refugiados que tentam chegar à Europa através da rota entre a Líbia e a Itália está a atingir níveis sem precedentes. Este ano, sem contar com as vítimas desta terça e quinta-feira, já morreram pelo menos 230 pessoas, dizem as Nações Unidas.

Ao longo de 2016, morreram pelo menos 4579 pessoas afogadas nesta zona do Mediterrâneo, um valor-recorde, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados — sabe-se que muitas pessoas nunca chegam a ser encontradas, pelo que o número será ainda maior. No ano anterior, tinham sido contabilizadas 2869 mortes; em 2014, 3161.

Esta rota usada por redes de contrabandistas voltou a ser muito procurada no ano passado após o acordo entre a União Europeia e a Turquia para travar a vinda para a Europa de refugiados sírios e iraquianos a partir das costas turcas — desde Março que as autoridades de Ancara apertaram a vigilância nas praias.

No início deste mês, os líderes europeus debateram um plano idêntico ao que envolve a Turquia para a Líbia. Na prática, a lógica é a mesma: oferecer dinheiro ao Governo para que este impeça as pessoas de chegar aos barcos e tentar cruzar o Mediterrâneo. Mas este plano é polémico, já que a Líbia vive uma guerra civil e os dirigentes apoiados pela ONU têm muito pouco controlo num país dividido entre milícias de senhores da guerra e terroristas.

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