Em Angola é um milagre ter acesso a água potável

Estudo da organização WaterAid identifica a quinta maior economia de África como o país em que há menos acesso a água limpa.

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Um canal de água poluída em Benguela, Angola Amr Abdallah Dalsh/REUTERS

Angola é o país em que menos pessoas têm acesso a água potável, segundo um relatório da organização não-governamental WaterAid divulgado nesta quarta-feira, Dia Mundial da Água: para 71,8% da população isso é um luxo que não está ao seu alcance, apesar de viverem no país que é a quinta maior economia do continente africano.

A Guiné Equatorial, que também faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, está em terceiro lugar, com 68% da população sem água (a segunda posição é ocupado pela República Democrática do Congo, um enorme país no centro de África, afectado por instabilidade e violência crónicas, com 68,8%). Moçambique está em sexto lugar: 62,9% da população não tem acesso a água potável.

Em todo o mundo, 663 milhões de pessoas não têm acesso a água potável, e a grande maioria, mais de 500 milhões, vive em zonas rurais, de acordo com o estudo. Falta de investimento estatal, más opções de políticas de desenvolvimento e condições ambientais adversas estão na origem desta situação, embora em 2010 o acesso a água potável tenha sido reconhecido como um direito humano.

“Após anos de guerra civil, Angola mostrou sinais de crescimento económico real nas últimas duas décadas. Porém, fruto das más infra-estruturas e da falta de priorização e investimento por parte do Governo, está no topo da lista dos países com maiores percentagens de população rural sem acesso a água potável”, sublinha o estudo da WaterAid.

Moçambique, onde a maioria da população vive em zonas rurais (68%) e 11,5 milhões de pessoas não têm acesso a água potável, sofre de situações climáticas extremas, incluindo ciclones, cheias e secas. “Em Janeiro de 2015, chuvas torrenciais no Norte e no Centro de Moçambique causaram cheias graves, que desalojaram dezenas de milhares de pessoas e devastaram colheitas e gado. Algumas partes do Sul do país também foram assoladas pela seca em 2016, com 1,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária e 95 mil crianças em risco de malnutrição grave”, lembra a organização.

Moçambique está “entre os países mais vulneráveis e menos capazes de se adaptarem às alterações climáticas”, segundo o Índice de Adaptação Global da Universidade de Notre-Dame, diz o estudo.

A Índia é o país que tem o maior número de pessoas a viver em zonas rurais sem acesso a água potável: 63 milhões. É o mesmo número de habitantes que tem todo o Reino Unido.

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