Director do MI5 diz que a Rússia é uma ameaça cada vez maior

Pela primeira vez na história um director dos serviços secretos britânicos concede uma entrevista. Andrew Parker alerta para a ameaça vinda do Kremlin.

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AFP/KIRILL KUDRYAVTSEV

A Rússia representa uma ameaça cada vez maior para a estabilidade do Reino Unido e utiliza todas as ferramentas sofisticadas à sua disposição para o conseguir. Quem o diz é o director-geral dos serviços secretos britânicos, o MI5, Andrew Parker.

Pela primeira vez em 107 anos de história, um líder do MI5 concede uma entrevista a um jornal, que será publicada esta terça-feira no The Guardian. No entanto, o jornal revela já alguns pormenores.

A Rússia “está a utilizar toda a variedade de órgãos e poderes estatais para impulsionar a sua política externa de uma forma cada vez mais agressiva, incluindo propaganda, espionagem, subversão e ataques informáticos. A Rússia está a trabalhar em toda a Europa e no Reino Unido. O trabalho do MI5 é colocar-se no seu caminho”, diz Andrew Parker, defendendo que, apesar de a ameaça do extremismo islâmico ser um dos assuntos que ocupa a maior parte da capacidade do MI5, as acções ocultas de Estados estrangeiros, em concreto do Kremlin, são um perigo cada vez maior.

O director-geral dos serviços secretos britânicos diz ainda que a Rússia possui também agentes de informação em acção, em solo britânico, um pouco ao estilo da Guerra Fria. No entanto, a grande diferença nos dias de hoje é o advento da guerra informática, com os alvos preferenciais a centrarem-se nos segredos militares, nos projectos industriais, na informação económica ou na política externa.

Apesar disso, a ameaça terrorista não deixa de preocupar. Neste momento, segundo os cálculos do MI5, existem cerca de três mil potenciais extremistas violentos no Reino Unido. E esse é um dos problemas que a agência tenta resolver, no que à ameaça terrorista diz respeito. Os outros dois, segundo Parker, são os militantes do Estado Islâmico, presentes na Síria e no Iraque, que incentivam o planeamento de ataques em território britânico, e o alastrar da “ideologia tóxica” através da Internet.

Outro dos assuntos explorado na entrevista que será publicada esta terça-feira é o Brexit. E Andrew Parker desmente que o facto de o Reino Unido ter decidido abandonar a União Europeia vá afectar de maneira negativa a relação com os serviços de inteligência dos outros países europeus.

O Kremlin reagiu à entrevista. "As palavras [de Andrew Parker] não correspondem à realidade", disse esta terça-feira o porta-voz Dmitry Peskov.

A embaixada russa em Londres publicou uma mensagem no Twitter em que diz ver "com tristeza um profissional [como Parker] cair na ratoeira do seu próprio mundo construído de propaganda. A mensagem é acompanhada de um poster do filme de 1966 The Russians Are Coming, The Russians Are Coming.

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