Dezenas de mortos em ataque dos EUA contra prisão gerida pelo Daesh

Site de notícias locais diz que a maioria das vítimas são civis. Alvo foi uma cidade onde se acredita que estarão escondidos alguns líderes jihadistas.

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No Eid al-Fitr, que assinala por estes dias o fim do Ramadão, muitos muçulmanos visitam as campas de familiares Mohammed Badra/EPA

Dezenas de pessoas morreram num ataque aéreo contra uma prisão administrada pelo Daesh – o bombardeamento, no Leste da Síria, foi realizado por aviões dos Estados Unidos. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, ONG ligada à oposição síria com uma rede de activistas e médicos no terreno, morreram 42 prisioneiros e 15 membros do grupo jihadista.

A prisão dos arredores de Mayadin, na província de Deir Ezzor, foi atingida já na segunda-feira. Tanto a coligação internacional liderada pelos EUA para combater o Daesh como os poucos activistas sírios ainda estão a tentar apurar o número exacto de vítimas.

De acordo com o Deirezzor24, uma plataforma independente de notícias da província, morreram mais de 60 pessoas, a maioria civis.

Segundo este site, a prisão funcionava numa antiga casa e ali têm estado muitos combatentes capturados, incluindo membros do Exército Livre da Síria (primeiro grupo armado, fundado logo em 2011 por desertores das forças de Bashar al-Assad) e da Frente al-Nusra (ex-ramo da Al-Qaeda no país) e civis. O ataque, noticia, resultou na morte de “dezenas de civis e de dois guardas, para além de ter ferido Madin al-Mutlaq, um interrogador do Daesh que teve um papel fundamental na detenção e execução de dezenas de locais" desde que o grupo conquistou partes desta província do Leste.

Mayadin fica no vale do rio Eufrates, 45 km a sudeste da cidade de Deir Ezzor (capital da região com o mesmo nome), e a pouco mais de 80 km a oeste da fronteira iraquiana, alvo frequente da aviação internacional.

Sob pressão no Iraque, onde os jihadistas estão prestes a perder o pouco território que ainda controlam no centro histórico da grande metrópole do Norte, Mossul, e na Síria, onde a declarada capital do seu “califado”, Raqqa, está cercada por uma aliança de forças árabes e curdas apoiadas por Washington, os serviços secretos dos EUA acreditam que o Daesh tem reunido muitos dos seus líderes precisamente em Mayadin.

O porta-voz da coligação internacional, o coronel americano Joe Scrocca, admite que foram ordenados ataques contra “instalações de comando e controlo do Daesh” na área de Mayadin no domingo e na segunda-feira, garantindo que as alegadas mortes de civis “serão averiguadas”. A missão, disse às agências de notícias, “foi meticulosamente planeada e executada pela reduzir o risco de danos colaterais e a possibilidade de ferir não combatentes”.

Estes raides da aviação envolvidos nas operações coordenadas pelos EUA desde Setembro de 2014 têm morto vários responsáveis do Daesh nos últimos meses, mas também acontece com frequência estes bombardeamentos matarem civis ou combatentes aliados: no início de Junho, a coligação afirmou que nos seus 21 mil ataques aéreos na Síria e no Iraque morreram 484 civis, um número bem inferior aos 4118 mortos estimados por um grupo de jornalistas que monitorizam estes ataques através da organização Airwars.

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