Depois de eleito Presidente, Steinmeier pede "coragem" aos alemães

Candidato de consenso entre sociais-democratas e democratas-cristãos sucede a Joachim Gauck, pastor da ex-RDA

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Steinmeier toma posse a 18 de Março FABRIZIO BENSCH/Reuters

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Frank-Walter Steinmeier foi escolhido, sem surpresas, este domingo para ocupar a presidência do país. No seu discurso, disse que a Alemanha é “uma âncora de esperança” e uma “inspiração”: “não porque tudo esteja bem, mas porque mostrámos quanto é possível um país melhorar”.

Numa farpa aos populismos, Steinmeier pediu “coragem” e “defesa da democracia e liberdade”.

Steinmeier, um social-democrata que foi candidato de consenso entre os dois principais partidos alemães, foi eleito à primeira volta com 931 votos entre 1260 da assembleia especial que é encarregada de votar para o Presidente. Toma posse no dia 19 de Março quando se afasta o actual Presidente, Joachim Gauck, antigo pastor que dirigiu a comissão encarregada de gerir os arquivos da Stasi, a polícia política da ex-RDA. Gauck decidiu estar no cargo apenas um mandato.

O Presidente da Alemanha é eleito por uma assembleia de que fazem parte os 630 deputados do Bundestag (a câmara baixa do Parlamento federal alemão) e ainda outros 630 representantes dos estados federados (Länder), que muitas vezes incluem figuras do desporto, televisão ou sociedade civil: este ano votaram entre outros o seleccionador nacional Joachim Löw, a "drag queen" Olivia Jones, e Semiya Simsek, a filha da primeira vítima do grupo de assassinos de extrema-direita NSU, que levaram a cabo pelo menos 10 assassínios, a maioria de imigrantes turcos.

A alteração do método de eleição do Presidente foi feita após a II Guerra Mundial, com o objectivo evitar os erros que permitiram a chegada ao poder de Adolf Hitler.

Steinmeier, 61 anos, foi ministro dos Negócios Estrangeiros da primeira “grande coligação” liderada por Angela Merkel, que juntou os sociais-democratas e democratas-cristãos. Em 2009 foi o candidato do SPD mas sofreu uma pesada derrota e ficou líder da oposição no Parlamento. Fez uma pausa que lhe deu popularidade, quando foi hospitalizado para doar um rim à mulher em 2010. Voltou ao MNE em 2013 na segunda grande coligação entre SPD e CDU de Merkel.

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