David Cameron quer segundo mandato mas não correrá pelo terceiro

Primeiro-ministro britânico quer ser reeleito mas garante que se vencer as eleições sairá de cena em 2020. Declarações dão o tiro de partida pela liderança futura dos tories.

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Líder conservador pede mais cinco anos para cumprir o plano e terminar o que começou AFP/THIERRY CHARLIER

O primeiro-ministro britânico e líder do Partido Conservador, David Cameron, espera ser reeleito para o cargo nas eleições do próximo mês de Maio. E se vencer as eleições, esses serão os últimos cinco anos que espera passar em Downing Street: em entrevista à BBC, garantiu que um terceiro mandato está “fora de questão” e que dentro de cinco anos será o momento de testar “uma nova liderança”.

Cameron, que assumiu a liderança do Partido Conservador em 2005 e cinco anos mais tarde tomou posse como primeiro-ministro (depois de assinar um acordo de coligação com os liberais-democratas), quer uma maioria para poder governar até 2020. “Sou candidato a mais cinco anos, em que espero cumprir o meu plano e terminar o que comecei, em termos da economia – que deu a volta, com o défice a cair para metade – e também fazer a reforma da educação e da segurança social”, disse.

O conservador confessou que sentirá saudades de ser primeiro-ministro, mas garantiu que permanecer no poder para além de um segundo mandato é algo que não contempla. “Há muito talento no partido, e esse será o momento para uma nova liderança”, disse, apontando como possíveis sucessores os seus ministros George Osborne (Finanças) e Theresa May (Interior), ou o mayor de Londres Boris Johnson. “Há um momento em que um novo líder, com ideias frescas, é a melhor aposta”, considerou.

Para o vice-editor de política da BBC, James Landale, que conduziu a entrevista ao primeiro-ministro, as suas declarações pretendiam desmentir os rumores de que Cameron se prepararia para abandonar o cargo a meio do mandato se for reeleito – replicando o acordo político feito entre Tony Blair e o seu número dois Gordon Brown.

Para a maioria dos analistas políticos, as palavras de Cameron pretendiam vincar a diferença dos anteriores governantes trabalhistas, mas também de antigos líderes conservadores que estenderam a sua presença na ribalta para além do desejável (uma referência a Margaret Thatcher, que conquistou um terceiro mandato em 1987 mas foi forçada pelos seus correligionários a demitir-se em 1990).

No entanto, os analistas também concordavam que Cameron correu riscos desnecessários numa fase crucial da campanha, uma vez que as suas palavras têm o potencial de desviar as atenções para uma supostamente “electrizante” campanha interna pela liderança futura dos tories.

Os trabalhistas reagiram de imediato à entrevista da BBC, com o coordenador político da campanha e ministro sombra dos Negócios Estrangeiros, Douglas Alexander, a lamentar a “típica arrogância de Cameron”, que aparentemente “já presume um terceiro mandato dos conservadores em 2020 antes mesmo dos eleitores britânicos terem manifestado a sua intenção de voto nesta eleição”. “No Reino Unido são os eleitores, e não o primeiro-ministro, que decidem quem fica no poder”, observou.

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