Casa Branca vê sinais de que Assad prepara novo ataque químico

Se usar de novo armas químicas, o líder sírio pagará um "preço elevado", avisa Washington. E revela que foram detectadas movimentações semelhantes às que antecederam ataque com gás sarin a 4 de Abril em Idlib.

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Imagem do suposto ataque químico de 4 de Abril, distribuída pela Reuters: um elemento da protecção civil respira através de yna náscara de oxigénio Reuters/AMMAR ABDULLAH

A Casa Branca lançou um aviso ao Presidente sírio Bashar Al-Assad, na segunda-feira à noite, de que o regime de Damasco “pagará um preço elevado” se desencadear de novo um ataque químico. Um alerta que não cai do nada, porque a Administração norte-americana acredita que Assad estará a preparar mais um ataque do género.

Washington diz que as movimentações que vê em curso são semelhantes às que antecederam um ataque químico, a 4 de Abril de 2017, na cidade de cidade de Khan Sheikhun, região de Idlib, dominada pela oposição rebelde. Na altura, a cidade foi bombardeada pela força aérea síria, com recurso a armas daquele género, segundo provas “irrefutáveis” invocadas pela Organização para a Interdição das Armas Químicas. Morreram 87 pessoas, incluindo 31 crianças.

Damasco sempre refutou culpas desse ataque em território dominado por rebeldes anti-regime. Para Assad, eram notícias “fabricadas”.

"Não houve nenhuma ordem para efectuar o ataque, não temos armas químicas. Entregámos o nosso arsenal [químico] há três anos. Mesmo que tivéssemos, não as utilizaríamos. Nunca na nossa história utilizámos o nosso arsenal químico", afirmou o Presidente da Síria, país devastado por seis anos de guerra.

Porém, os serviços secretos franceses também concluíram que foi usado gás sarin no ataque em Idlib. “O recurso ao gás sarin não levanta dúvidas”, afirmou o então ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Marc Ayrault.

Três dias depois do ataque, os EUA lançaram de surpresa 59 mísseis Tomahawk.

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Trump ordenou a destruição da base aérea síria de onde terão saído os aviões para o ataque em Idlib. “Irresponsável”, reagiu Damasco. “Agressão”, acusou Moscovo, que comparou o ataque à invasão do Iraque em 2003, na medida em que não havia luz verde do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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Agora, dois meses e meio depois, os EUA dizem ter “identificado eventuais preparações para mais um ataque com armas químicas que muito provavelmente causariam muitas mortes, incluindo de crianças inocentes”, segundo afirma o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

“Se… o senhor Assad conduzir outro ataque com armas químicas, ele e os seus militares pagarão um preço elevado por isso”, avisa Spicer. O mesmo aviso, palavra por palavra, já tinha sido feito a 11 de Abril, ou seja, uma semana depois de mais de 80 pessoas terem morrido gaseadas em Khan Sheikhun. Na altura, foi o secretário da Defesa dos EUA, James Mattis, a ameaçar Damasco.

Três meses, depois, a Casa Branca continua a enviar mensagens para a região, e não só a partir da capital norte-americana. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, também pegou no tema esta noite, através do Twitter, incluindo Moscovo e Teerão na sua mensagem: "Quaisquer novos ataques contra o povo sírio serão atribuídos a Assad, mas também à Rússia e ao Irão, que apoiam-no na morte do seu próprio povo."

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