Costa e Marcelo fizeram bem em não ir a Luanda antes das eleições

Nem tudo permanece igual entre Lisboa e Luanda. Luaty Beirão anota mais prudência das autoridades portuguesas. Destaca o primeiro-ministro e o Presidente da República.

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Luaty: "A imprensa portuguesa serve quase como uma imprensa nossa" Enric Vives-Rubio

Que leitura faz das relações entre Portugal e Angola?
Portugal podia ter outra postura, mas nos últimos oito anos tem-se transformado desde que houve mudança de Governo e que o Banco Central Europeu passou sinais de alerta acerca das portas abertas ao nosso dinheiro, que não se sabe bem que origem tem, servindo Portugal de lavandaria e porta de entrada para a União Europeia. Mas, sobretudo, com este novo Governo há uma postura diferente. Só a título de exemplo, o problema com a visita da ministra da Justiça Francisca Van Dunem levou à anulação da visita de António Costa e, apesar das pressões, ele recusou ir. O regime angolano precisa de ser legitimado dessa forma antes das eleições e António Costa recusou ir. Tanto António Costa como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa só vão a Angola depois das eleições. O que é um indício de que as coisas já não são iguais.

Antes das eleições, as visitas seriam um apoio ao regime?
Sim, seriam. Mesmo na imprensa portuguesa, muita da qual estava a ser comprada por angolanos, há algum recuo.

A troca de capitais entre Portugal e Angola não era saudável?
Para Angola não era, para os angolanos não era.

Os angolanos tinham essa consciência?
Os angolanos ficam contentes quando há [na imprensa portuguesa] notícias que lá não saem sobre Angola, que acabam por ter que sair aqui. Houve problemas com a SIC, a ZAP de Angola [de Isabel dos Santos] retirou-a da grelha de canais. Portanto, há notícias que lá deveriam existir se tivéssemos uma imprensa independente e que não teriam razão de existir cá. Sentimos que essa tendência começa a ser de pinças sobre Angola e à relação entre Portugal e Angola. Ficamos contentes porque a imprensa portuguesa serve quase como uma imprensa nossa, ao serviço do interesse do angolano que é ostracizado e secundarizado.

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